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Paralisia do Sono

Paralisia do Sono é uma condição caracterizada por uma paralisia temporária do corpo imediatamente após o despertar ou, com menos frequência, imediatamente antes de adormecer.

Fisiologicamente, ela é diretamente relacionada à paralisia que ocorre como uma parte natural do sono REM (o sono REM é a fase do sono na qual ocorrem os sonhos mais vívidos. Durante esta fase, a atividade cerebral é similar à do estado de vigília e os olhos movem-se rapidamente – o movimento dos olhos é gerado pelo NGL do Tálamo e associado a ondas occipitais), a qual é conhecida como atonia REM. A paralisia do sono ocorre quando o cérebro acorda de um estado REM, mas a paralisia corporal persiste. Isto deixa a pessoa perfeitamente consciente, mas incapaz de se mover. Além disso, o estado pode ser acompanhado por alucinações hipnagógicas (percepções visuais de objetos que não existem, tão reais que dificilmente são removíveis pela argumentação lógica).

Com frequência, a paralisia do sono é vista pela pessoa afligida como nada mais do que um sonho. Isto explica muitos relatos de sonhos nos quais as pessoas se vêem deitadas na cama e incapazes de se mover. As alucinações que podem acompanhar a paralisia do sono tornam mais provável que as pessoas que sofram do problema acreditem que tudo não passou de um sonho, já que objetos completamente fantasiosos podem aparecer no quarto em meio a objetos normais. Alguns cientistas acreditam que este fenômeno está por trás de muitos relatos de abduções alienígenas e encontros com fantasmas.

Os sintomas da paralisia do sono

Paralisia: Ela ocorre pouco antes da pessoa adormecer ou imediatamente após despertar. A pessoa não consegue mover nenhuma parte do corpo, nem falar, e tem apenas um controle mínimo sobre os olhos e a respiração. Esta paralisia é a mesma que acontece quando uma pessoa sonha. O cérebro paralisa os músculos para prevenir possíveis lesões, já que algumas partes do corpo podem se mover durante o sonho. Se uma pessoa acorda repentinamente, o cérebro pode pensar que ela ainda está dormindo, e manter a paralisia.

Alucinações: Imagens e sons que aparecem durante a paralisia. A pessoa pode sentir presenças atrás dela ou pode ouvir sons estranhos. As percepções parecem-se muito com sonhos, possivelmente fazendo a pessoa pensar que ainda está sonhando. Algumas pessoas relatam sentirem um peso no peito, como se alguém ou algum objeto pesado estivesse pressionando-o. Há também pessoas que relatam terem saido do corpo, ou até “flutuar”.

Estes sintomas podem durar de alguns poucos segundos até vários minutos e podem ser considerados assustadores para algumas pessoas.

Causas da paralisia do sono

A paralisia do sono acontece durante o período de sono REM, prevenindo assim movimentos corporais durante um sonho. Muito pouco se sabe sobre a fisiologia da paralisia do sono. Entretanto, já foi sugerido que ela pode estar relacionada à inibição pós-sináptica de neurônios motores (o neurônio motor recebe um impulso nervoso, que é um estimulo elétrico, através dos dendritos que passa para o corpo celular do neurônio. Esse impulso segue para o axônio, local onde haverá a despolarização e gerará um potencial de ação na célula) na ponte do tronco cerebral. Particularmente, níveis baixos de melatonina (a melatonina tem sua principal função em regular o sono; ou seja, em um ambiente escuro e calmo, os níveis de melatonina do organismo aumentam, causando o sono. Por isso é importante eliminar do ambiente quaisquer fontes de som, luz, aroma, ou calor que possam acelerar o metabolismo e impedir o sono, mesmo que não percebamos) podem interromper a despolarização em atividade nos nervos, a qual previne o estímulo dos músculos, essa melatonina esta ligada ao consumo excessivo de bananas em um certo horário do dia, entre 14:00 e 20:00 horas ou pelo menos 5 horas antes de dormir e 3 horas depois de acordar.

Vários estudos concluíram que a maioria das pessoas experimentará a paralisia do sono pelo menos uma ou duas vezes em suas vidas.

Muitas pessoas que frequentemente passam pela paralisia do sono também sofrem de narcolepsia (é uma condição neurológica caracterizada por episódios irresistíveis de sono e em geral distúrbio do sono). Alguns estudos sugerem que existem vários fatores que aumentam a probabilidade da ocorrência de paralisia do sono e de alucinação. Eles incluem:

  • A indução consciente da paralisia do sono também é uma técnica comum para entrar em um estado de sonho lúcido.
  • Dormir de barriga para cima.
  • Agenda de sono irregular; cochilos; privação de sono.
  • Estresse elevado.
  • Mudanças súbitas no ambiente ou na vida de alguém.
  • Um sonho lúcido que imediatamente precede o episódio.
  • Sono induzido através de medicamentos, como anti-histaminas.

Tipos de paralisia do sono

Existem três tipos de paralisia do sono: familiar, patológico, e isolado.

O tipo familiar é o mais raro. Deve-se à herança genética, ou seja, o problema está nos genes associados ao sono que são compartilhados por vários membros de uma família. Pode surgir em qualquer altura da vida, sendo que depois permanece para sempre. A causa é uma mutação nesses genes que ocorre quando o material genético é copiado, durante a divisão celular, um erro que surge naturalmente (como acontece com alguns casos de câncer), provocado pelos raios cósmicos (fótons de alta energia), pelo contato indevido com substâncias químicas ou ainda pelo fumo do tabaco.

O tipo patológico está associado a outros distúrbios de sono, como a narcolepsia ou o bruxismo (ranger os dentes). Nestes casos, a paralisia do sono é apenas um efeito secundário de uma dada patologia. É comum nos casos patológicos a paralisia do sono surgir ao adormecer, enquanto que nos casos familiares e isolados só surge ao acordar. Por isso, se um paciente apresentar esta condição ao adormecer é um forte sinal de que pode sofrer de narcolepsia ou bruxismo. Recomenda-se a medicação.

O tipo isolado é o mais comum. Está associado a altos níveis de ansiedade ou stress, provocados por um trauma recente como, por exemplo, um divórcio. Surge devido a alterações no processo normal do sono e desaparece logo que os níveis de stress ou ansiedade do paciente diminuem. Este tipo é responsável pelo fato de 50% da população mundial poder vir a sofrer de paralisia do sono, pelo menos uma ou duas vezes, durante a vida. Um sistema emocional em equilíbrio evita que ocorra.

Análise científica da paralisia do sono

A paralisia do sono é uma forma de parassonia. Nela o indivíduo desperta num estado de inibição motora típica do período de sono REM. Esta situação pode causar um desconforto extremo e, em situações menos comuns, uma “presença” também pode ser sentida, além da sensação de profundo terror, ou perigo iminente, e até “experiências fora do corpo”. Às vezes, até arrastar de passos podem ser ouvidos.

As experiências reportadas por indivíduos com paralisia do sono são tremendamente semelhantes aos casos relatados por pessoas supostamente abduzidas por discos voadores. São também comuns relatos, em várias culturas, com as mesmas características. Fenômenos que antes eram atribuídos a íncubos, ou a outras criaturas folclóricas como a “Old Hag”, parecem também ser manifestações intensas de paralisia do sono, talvez associadas com outras condições e distúrbios do sono.

Hoje, evidências de neuroimagem sugerem que os diferentes sintomas, como a imobilidade muscular, audição de ruídos (como tilintares ou sons como o de motores), terror intenso e a sensação de “presença”, podem ser trilhados a áreas específicas do cérebro.

Como comentado, as “experiências fora do corpo” também podem estar associadas a este distúrbio do sono. As evidências neurocientíficas sugerem o envolvimento de circuitos cerebrais intimamente associados ao sistema vestibular. Desta forma, ao ocorrer uma ativação espontânea de certos circuitos ligados a percepção de aceleração do corpo, mesmo sem o movimento do líquido nos tubos semicirculares, o indivíduo poderia sentir uma sensação equivalente à provocada pelo movimento para a frente, por exemplo.

A paralisia do sono não mata

A paralisia do sono não apresenta nenhum risco grave a saúde, apesar do fato de que ela pode ser uma experiência intensamente aterrorizante. A SUNDS (síndrome da morte súbita e inesperada) é uma doença mortal no qual acreditavam estar relacionada com a paralisia do sono, no entanto, elas ainda são considerados como doenças completamente distintas, portanto quem sofre de paralisia do sono não precisa ficar alarmado, ou seja, nenhum sinal de perigo eminente.

Como se libertar da paralisia do sono

Existem algumas técnicas que se pode utilizar para sair do estado de paralisia o mais rápido possível. As mais eficazes são as seguintes: piscar os olhos incessantemente, tentar mexer apenas os dedos dos pés (tentar mover um braço ou uma perna, que são músculos maiores, atrasa ainda mais o despertar) ou respirar profundamente várias vezes seguidas (o oxigênio em excesso desperta o cérebro num instante).

Também é frequente a paralisia do sono ocorrer várias vezes durante uma mesma noite. Para evitar que ocorra mais do que uma vez basta, após despertar do primeiro episódio, olhar diretamente para uma luz forte durante um minuto, e aí voltar a dormir que certamente não ocorrerá mais nenhum episódio na mesma noite.

Tratamento

Clonazepam (o rivotril é o clonazepam, um tranquilizante do grupo dos benzodiazepínicos. Sua alta potência, longo tempo de circulação como forma ativa e peculiaridades farmacodinâmicas o tornam um dos melhores tranquilizantes disponíveis no mercado) é altamente efetivo no tratamento da paralisia do sono. A ritalina já foi usada com sucesso como um medicamento diurno para promover padrões de sono estruturados e a prevenção da paralisia do sono em alguns adultos. Deve-se tomar cuidado em monitorar a pressão sanguínea em meio a outros testes apropriados.

Segundo o Psicosite, os principais efeitos do rivotril começam a ser sentido logo nos primeiros dias com o bloqueio da ansiedade, com isso os pacientes costumam adquirir confiança na medicação. Por outro lado a sedação é também forte, sendo recomendado para quem está com problemas para dormir. Ao longo do uso o efeito sedativo costuma diminuir permitindo que as pessoas que foram prejudicadas pela sonolência causada pela medicação restabeleçam seu rendimento normal. A sedação é muito variável: algumas pessoas com 1mg ficam completamente sedadas enquanto outras com 6mg não sentem sono algum. Isto depende apenas das características pessoais de cada um e é impossível saber como a pessoa reagirá caso esteja tomando pela primeira vez. Doses mais altas podem diminuir o desejo sexual: este efeito colateral desaparece quando a medicação é suspensa. Outros efeitos comuns aos benzodiazepínicos como tonteiras, esquecimentos, fadiga, também podem acontecer.

Considerações importantes sobre a medicação

Não há relatos de má formação induzida durante a gestação provocada pelo rivotril. Sempre que possível, no entanto é recomendável evitar seu uso no primeiro trimestre. Quanto a esse assunto essa medicação é mais segura que outros tranquilizantes benzodiazepínicos.

Referências culturais sobre a paralisia do sono

Na Suécia, a paralisia do sono é vista como causada por uma égua (Mare), uma criatura sobrenatural relacionada com o lobisomem. A Mare é uma mulher maldita, que perdeu misteriosamente o corpo durante o sono. Neste estado, ela visita as suas vítimas e senta-se em cima do seu peito enquanto estão dormindo, fazendo com que elas tenham pesadelos.

Na Carolina do Sul e na Geórgia (Estados Unidos), a paralisia do sono é descrita como a figura negativa da Hag, que deixa seu corpo físico durante a noite e senta-se no peito de sua vítima. A vítima geralmente acorda com uma sensação de terror, tem dificuldade em respirar por causa de uma percepção de peso pesado invisível no seu peito, e é incapaz de se mover. Esta crença foi importada da Inglaterra.

Na cultura Hmong, paralisia do sono descreve uma experiência chamada “dab tsog” ou “demônio apertador” da frase composta “dab” (demônio) e “tsog” (apertar, esmagar). Frequentemente, a vítima afirma enxergar uma figura pequena, não maior que uma criança, sentando em sua cabeça ou peito.

Na cultura vietnamita, a paralisia do sono é conhecida como “ma de”, que significa “segurado por um fantasma”. Muitas pessoas nesta cultura acreditam que fantasmas entram no corpo das pessoas causando a paralisia.

Na China, paralisia do sono é conhecida como “guǐ yā shēn” ou “guǐ yā chuáng”, o que pode ser traduzido literalmente como “corpo pressionado por um fantasma” ou “cama pressionada por um fantasma”.

Na cultura japonesa, a paralisia do sono é conhecida como “kanashibari”, que significa literalmente “atado ao metal”.

Na cultura popular húngara a paralisia do sono é chamada “lidércnyomás” (lidérc pressionante) e pode ser atribuída a um número de entidades sobrenaturais como “lidérc” (aparições), “boszorkány” (bruxas), “tündér” (fadas) ou “ördögszerető”.

Na cultura brasileira, a paralisia do sono pode ter originado a lenda da “Pisadeira” (é um mito brasileiro que ocorre principalmente no estado de São Paulo e parte de Minas Gerais), no qual ela é descrita como uma mulher muito magra, com dedos compridos e secos, unhas enormes, sujas e amareladas. Tem as pernas curtas, cabelo desgrenhado, nariz enorme com muitos pelos , como um gavião. Os olhos são vermelho fogo, malignos e arregalados. O queixo é revirado para cima e a boca sempre escancarada, com dentes esverdeados e à mostra. Nunca ri, gargalha. Uma gargalhada estridente e horripilante. Vive pelos telhados, sempre à espreita. Quando uma pessoa janta e vai dormir com o estômago cheio, deitando-se de barriga para cima, a pisadeira entra em ação. Ela desce de seu esconderijo e senta-se ou pisa fortemente sobre o peito da vítima que entra em um estado letárgico, consciente do que ocorre ao seu redor, porém fica indefesa e incapaz de qualquer reação.

A paralisia do sono e as visões de fantasmas

Esse documentário (em inglês, sem legenda) explora a paralisia do sono e as supostas visões fantasmagóricas. Mostrando experiências pessoais em relação ao fenômeno do sono e explicando o porquê isso acontece.

Referências

Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira

Douglas Rodrigues Aguiar de Oliveira

Divulgador Científico há mais de 10 anos. Fundador do Universo Racionalista. Consultor em Segurança da Informação e Penetration Tester. Pós-Graduado em Computação Forense, Cybersecurity, Ethical Hacking e Full Stack Java Developer. Endereço do LinkedIn e do meu site pessoal.