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5 descobertas feitas pela ciência sobre o misterioso Tutancâmon, o rei menino do antigo Egito

Traduzido por Julio Batista
Original de Jenefer Metcalfe para a The Conversation

Cem anos atrás, nossa compreensão do antigo Egito mudou para sempre quando o túmulo do rei Tutancâmon foi encontrado em 4 de novembro de 1922, no Vale dos Reis.

Nascido por volta de 1305 a.C., Tutancâmon só governou o Egito por cerca de 10 anos. No entanto, seu túmulo foi mobiliado com riquezas nunca antes vistas.

Nosso fascínio por múmias é compreensível. Olhar para o rosto de um rei egípcio pré-histórico faz com que esses governantes etéreos e majestosos pareçam mais reais.

A descoberta de Tutancâmon em seu local de descanso original, completo com todos os seus bens, nos faz sentir uma conexão com um passado primevo. Ele nos transporta de volta no tempo para o funeral de um jovem rei.

Os estudos da vida de Tutancâmon são muitas vezes ofuscados pelos rumores sensacionais que cercam a descoberta de sua tumba, como relatos persistentes de uma maldição.

Mas se permitirmos que a fofoca atrapalhe o estudo de Tutancâmon, ficaremos por fora de muitas coisas incríveis.

1. A morte de Tutancâmon ainda é um mistério

É difícil descobrir por que alguém que viveu há muito tempo morreu. Tutancâmon não é exceção.

As pessoas no antigo Egito viviam vidas mais curtas porque não tinham os mesmos cuidados de saúde que nós. Mas Tutancâmon morreu por volta dos 19 anos, o que era jovem mesmo para o antigo Egito.

Recentemente, estudos usando raios-X, tomografia computadorizada e testes de DNA mostraram que Tutancâmon tinha malária, juntamente com algumas outras condições médicas, como fenda palatina. Ele também quebrou a perna pouco antes de morrer.

Essas informações nos ajudam a construir uma imagem da saúde de Tutancâmon antes de sua morte. Não nos diz exatamente como ele morreu, exceto que não há sinal de que ele foi assassinado.

2. Ele foi enterrado com flores

Quando o túmulo de Tutancâmon foi aberto em 1922, ele usava um colar feito de flores. Eles estavam em boas condições porque estavam selados dentro do caixão com ele.

Buquês de funeral foram encontrados em outras múmias. Mas este é o único enterro real onde todas as flores foram encontradas exatamente onde os antigos egípcios as deixaram.

Colar floral de Tutancâmon. (Créditos: Museu Metropolitano de Arte/Wikimedia Commons)

As flores eram importantes para os antigos egípcios, que pintavam imagens de jardins de flores nas paredes de seus túmulos. As flores eram admiradas por sua beleza, seu perfume e por razões simbólicas.

Estudos das flores e frutas usadas no colar mostram que Tutancâmon foi enterrado entre meados de março e final de abril. A preparação de seu corpo para o sepultamento levaria 70 dias, o que significa que Tutancâmon provavelmente morreu no inverno do hemisfério norte.

3. A aparência de Tutancâmon foi preservada por técnicas especiais

Os antigos egípcios seguiam uma “receita” quando mumificavam uma pessoa. Depois de remover o cérebro e os órgãos internos, um sal chamado natrão foi usado para secar o corpo. Isso produziu uma múmia que poderia sobreviver por milhares de anos, mas tinha uma aparência ressecada e esquelética.

Os antigos egípcios acreditavam que a alma, ou Ka, precisava retornar ao seu corpo para existir na vida após a morte, mas o Ka tinha que ser capaz de reconhecer seu corpo.

Então, para fazer seu rosto parecer mais realista, substâncias como resina foram enfiadas sob a pele do rosto de Tutancâmon para enchê-lo.

O rosto do faraó Tutancâmon é exibido em uma caixa climatizada em seu túmulo no Vale dos Reis em 2007. (Créditos: Cris Bouroncle/AFP/Getty Images)

Até recentemente, supunha-se que Tutancâmon foi embalsamado rapidamente e com não muita atenção porque morreu repentinamente.

Mas as tomografias mais recentes mostram que isso não é verdade. Embalsamar o rosto teria levado tempo e habilidade.

4. Tutancâmon teve companhia em sua jornada para a vida após a morte

É difícil escapar da imagem mental de Tutancâmon deitado em seu túmulo em esplêndido isolamento. Ele não foi, no entanto, a única pessoa enterrada no túmulo.

Dois caixões em miniatura foram encontrados em uma caixa de madeira entre os tesouros da tumba.

Um estudo publicado em 2011 mostrou que esses caixões continham dois fetos femininos. Uma tinha cerca de cinco a seis meses de gestação; a outra tinha cerca de nove meses de gestação, morrendo na hora do nascimento ou por volta desse período.

É mais provável que sejam as filhas de Tutancâmon e sua esposa Anquesenamon, e que morreram antes de seu pai.

Fotografias de múmias de 317a e 317b, as filhas de Tutancâmon. (Créditos: Wikimedia Commons)

É raro encontrar um feto mumificado. Os antigos egípcios mumificaram algumas crianças, mas mesmo isso era incomum.

A perda de seus filhos era obviamente muito importante para Tutancâmon, então ele os queria com ele na vida após a morte.

5. A fama nem sempre foi gentil com Tutancâmon

Como muitas de nossas celebridades hoje sabem, a fama nem sempre é boa para você. Este é certamente o caso de Tutancâmon, cujo renome trouxe estudos científicos excessivamente zelosos e danos ao seu corpo.

Tutancâmon é provavelmente a múmia mais estudada do mundo, com a possível exceção de Otzi, o Homem de Gelo.

Os estudos mais recentes de Tutancâmon usando tomografias sofisticadas mostraram que seu corpo não está mais intacto ou mesmo completo.

O primeiro estudo ocorreu em 1925, logo após sua descoberta. Em sua ânsia de ver o próprio Tutancâmon, os anatomistas que o estudaram o removeram à força de seu caixão, pois ele estava preso a ele com resina. O manuseio agressivo separou seus membros e cabeça de seu torso.

Tutancâmon é a única múmia real conhecida a permanecer em seu túmulo no Egito. Em algum momento, possivelmente durante a segunda guerra mundial, sua tumba foi novamente invadida por uma pessoa ou pessoas desconhecidas.

Algumas das costelas de Tutancâmon foram cortadas e removidas na busca por amuletos ou joias.

A ciência nos ajudou a entender mais sobre a saúde, a vida e a preparação de Tutancâmon para a vida após a morte.

Seu legado não é apenas um estudo de sua vida pessoal. É um registro de como a ciência alimenta nosso fascínio pelo menino rei.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.