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A história da Terra é uma história de mudanças. Algumas são graduais e benignas, e outras podem ser abruptas e destrutivas, como eventos de extinção em massa. Mas o que diferencia uns dos outros? Segundo Daniel Rothman, geofísico do Instituto Tecnológico de Massachusetts (MIT) nos EUA, são as perturbações no ciclo do carbono que marcam a diferença.
Nos últimos 542 milhões de anos, a Terra superou cinco extinções em massa, e cada uma delas envolveu processos que alteraram o ciclo normal do carbono através da atmosfera e dos oceanos. Essas alterações duraram milhões de anos, o que coincidiu com o desaparecimento de muitas espécies – três quartos no caso das marinas – em todo o mundo.
Daniel Rothman, um professor de geofísica do departamento da Terra, Atmosfera e Ciências Planetárias do MIT, apresentou a revista Science Advances uma formula matemática com a qual conseguiu identificar os limiares da catástrofe que, se excedida, pode gerar uma extinção em massa.
Para chegar a essa conclusão, o cientista analisou 31 eventos isotópicos do carbono nos últimos 542 milhões de anos, relacionou a taxa de perturbação do ciclo do carbono e sua magnitude com o tamanho da escala de tempo em que a alcalinidade é ajustada – o limite para evitar a acidificação generalizada do oceano e a mudança climática.
Assim, mostrou que a extinção em massa ocorre se um dos dois limiares é excedido. Para as mudanças no ciclo do carbono que ocorrem durante longas escalas de tempo, as extinções ocorrerão se essas alterações ocorrerem mais rapidamente do que a adaptação dos próprios ecossistemas.
Por outro lado, para as perturbações que ocorrem em escalas de tempo mais curtas, o ritmo das mudanças do ciclo do carbono não importa. Nesse caso, será o tamanho ou a magnitude da alteração que determinará a probabilidade de um evento de extinção.
A próxima extinção a partir de 2.100
A pergunta que muitos cientistas fazem agora é se o atual ciclo do carbono está alterando o suficiente para gerar uma sexta extinção em massa. Embora as emissões de dióxido de carbono não tenham deixado de aumentar desde o século XIX, para os especialistas ainda é muito cedo para prever uma mudança drástica para a fauna.
No entanto, de acordo com os cálculo de Rothman, dado o recente aumento das emissões de CO² a uma escala de tempo relativamente curta, uma sexta extinção dependerá da adição de uma quantidade crítica de carbono nos oceanos. Essa quantidade corresponderia a 310 gigatoneladas, ou seja, equivalente à quantidade de carbono que as atividades humanas terão adicionado aos oceanos em todo o mundo até o ano de 2.100.
Mas, então, a sexta extinção em massa ocorrerá na virada do século? De acordo com Rothman, levará cerca de 10.000 anos para que esses desastres ecológicos ocorram, embora, até 2.100, o mundo possa entrar em “território desconhecidos”.
“Isso não significa que o desastre ocorrerá no dia seguinte, mas se não for controlado, o ciclio do carbono se tornará instável e difícil de prever. No passado geológico, esse tipo de comportamento está associado com extinções em massa”, enfatiza o cientista.