Publicado na Sociedade Brasileira de Física
A chamada matéria escura é um dos maiores mistérios da astrofísica moderna. Efeitos gravitacionais ligados à rotação de galáxias e a lentes gravitacionais parecem sugerir a existência de uma quantidade de massa muito maior do que a visível nas galáxias para explicar os padrões observados. Entretanto, todas as tentativas até agora feitas de detectar diretamente a existência de partículas que poderiam responder por essa massa extra não tiveram sucesso.
O dilema fez com que vários grupos de pesquisadores se voltassem para uma estratégia diversa: em vez de buscar a matéria escura, tentar alterar a atual teoria da gravitação – a relatividade geral de Albert Einstein – para explicar os efeitos observados.
Agora, um novo resultado observacional obtido por um quarteto de pesquisadores, dois dos quais no Brasil, Davi Rodrigues e Valerio Marra, da Universidade Federal do Espírito Santo, em Vitória, parece afastar a imensa maioria dessas teorias alternativas.
O resultado, publicado em 18 de junho na revista “Nature Astronomy”, analisou observações de 193 discos galácticos com excelente qualidade a fim de buscar pistas que indicassem a existência de uma aceleração fundamental que pudesse estar associada à própria gravidade e que explicasse os resultados atualmente interpretados como efeitos da presença de matéria escura. Contudo, os resultados refutam a existência dessa aceleração fundamental com confiança superior a 10-sigma.
“Em particular, a teoria da dinâmica newtoniana modificada (conhecida pela sigla MOND) – uma alternativa bem conhecida à matéria escura baseada na existência de uma escala de aceleração fundamental -, ou qualquer outra teoria que se comporte como ela em escalas galácticas, está descartada como uma teoria fundamental para galáxias com mais de 10-sigma”, escrevem os autores.
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