Publicado na National Geographic
O fóssil de um peixe de 419 milhões de anos pode ajudar a explicar quando e como os vertebrados, incluindo os humanos, adquiriram nossas faces — o que sugere uma origem muito mais primitiva para esta característica fundamental deste sucessivo processo, aponta novo estudo.
“Entelognathus primordialis é um dos mais antigos e, certamente, o mais primitivo peixe que apresenta a mandíbula semelhante aos dos peixes ósseos modernos e de vertebrados terrestres, incluindo nós mesmos”, disse o co-autor Min Zhu, da Academia Chinesa de Ciências em Pequim. “A mandíbula humana possui um forte elo com a mandíbula deste peixe, e é isso que o torna tão interessante.”
Os ossos presentes na bochecha e na zona mandibular do peixe se encaixam essencialmente com os mesmos encontrados em vertebrados ósseos modernos, incluindo seres humanos, acrescenta Zhu. Por possuir a maxila e a mandíbula muito parecida com a nossa, o peixe pode ser a primeira criatura conhecida que exibe o que nós reconhecemos como um rosto.
O paleobiólogo da Universidade de Oxford, Matt Friedman, que não esteve envolvido na pesquisa, mas escreveu um comentário para a revista Nature, disse que o fóssil apresenta uma mandíbula e estrutura facial que o diferencia de todos os outros membros conhecidos da família extinta do Entelognathus que conta com peixes primitivos cobertos com armaduras de placas dérmicas, os placodermos. Essas criaturas tinham mandíbulas simples e bochechas compostas por apenas alguns ossos grandes, ao invés de arranjos complexos de ossos pequenos, como os encontrados em peixes ósseos modernos.
Segundo Friedman, as ramificações dessa teoria, se confirmada, conseguiria explicar as raízes mais profundas da nossa árvore genealógica.