Uma equipe formada por alunos do curso de Biotecnologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), com o apoio de diversos professores da UFSCar e da USP – campi de São Paulo e de São Carlos -, está desenvolvendo um projeto para participar do iGEM (Competição Internacional de Máquinas Geneticamente Engenheiradas), competição criada pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts em 2004 e realizada anualmente em Boston, nos Estados Unidos.
Desde sua criação, mais de 30.000 pessoas, entre estudantes e orientadores, de 45 países, passaram pelo iGEM, um número que cresce cada vez mais. A competição consiste na proposta de soluções para problemas de diversas áreas, como saúde, alimentação, meio ambiente, etc, utilizando a Biologia Sintética, uma área da biologia e engenharia genética que permite o desenvolvimento de novas características e habilidades em microrganismos, criando verdadeiras máquinas geneticamente engenheiradas.
A proposta da equipe iGEM UFSCar consiste no desenvolvimento de uma levedura fermentadora capaz de resistir a altas doses de radiação UV que pode ser extremamente útil numa futura tentativa da humanidade de colonizar outros planetas. Marte, por exemplo, o mais forte candidato para abrigar uma sociedade interplanetária, apresenta condições extremamente hostis em sua superfície, como a baixa temperatura, baixa pressão e, em especial, alta incidência de radiação. O desenvolvimento dessa linhagem de leveduras facilitaria a produção de alimentos fermentados, como o pão, para os novos habitantes do Planeta Vermelho.
Essa não é uma realidade tão distante quanto parece. Entusiastas como Elon Musk, CEO da SpaceX, acreditam que levaremos de 40 a 100 anos para alcançar uma sociedade autossustentável em Marte, um tempo extremamente curto perto da história da humanidade. Além das agências espaciais e empresas do ramo, muitas equipes da competição iGEM também têm se dedicado na resolução de problemas relacionados, como a de Stanford-Brown, em 2016, que desenvolveu um balão a base de biopolímeros para transportar materiais até o Planeta Vermelho, ou a equipe DTU-Denmark, que avaliou o desenvolvimento de materiais de construção à base de fungos que resistissem às condições hostis de Marte. Além disso, esse tipo de tecnologia também seria extremamente útil na Terra, uma vez que a resistência à radiação UV permitiria o uso de esterilização por radiação em leveduras fermentadoras, solucionando um dos maiores problemas das usinas sucroalcooleiras: a perda de fermento por contaminação e pela esterilização com produtos químicos.
Para poder participar da competição e dar vida ao projeto, a equipe precisa de ajuda para pagar a taxa de inscrição do iGEM, de 5.000 dólares, aproximadamente R$ 20.000. Para isso, foi lançada uma campanha no Catarse (www.catarse.me/igemufscar), com o objetivo de arrecadar fundos para cobrir não somente a inscrição, mas também custos de diversos experimentos que deverão ser realizados para desenvolver a levedura. Isso será feito em alguns laboratórios tanto da USP quanto da UFSCar, sob a supervisão dos professores responsáveis.
A campanha é flexível, o que significa que a meta não precisa ser alcançada para que o projeto seja financiado, mas toda ajuda é bem-vinda! Quanto mais dinheiro for arrecadado, mais partes do projeto poderão ser desenvolvidas e a equipe poderá chegar mais perto de um produto final!