Uma pesquisa publicada na revista Science apresentou um belíssimo modelo 3D da população de estrelas conhecidas como Cefeidas, que são estrelas jovens pulsantes, massivas, que brilham mais do que o Sol em nossa galáxia. Usando dados do Optical Gravitational Lensing Experiment (OGLE), os pesquisadores da Universidade de Varsóvia realizaram um levantamento a partir do Observatório Las Campanas no Chile, conseguindo selecionar 2.431 cefeidas através do gás e poeira da Via Láctea e utilizaram para fazer um mapa da galáxia.
Dorota Skowron, principal autora do estudo e astrônoma da Universidade Wroclaw, afirmou que o projeto OGLE realizou observações do disco galáctico da Via Láctea durante seis anos, coletando 206.726 imagens do, céu contendo 1.055.030.021 estrelas. No interior, eles encontraram a população de cefeidas, que são particularmente úteis para traçar o mapa pois seu brilho flutua com o tempo, o que permite os cientistas observarem quão brilhante a estrela é, de fato, e o quão brilhante ela se parece para nós na Terra. Essa diferença permite identificar a distância que uma estrela se encontra do Sol, por exemplo.
A equipe produziu um modelo 3D da galáxia, confirmando pesquisas que demonstraram anteriormente que a galáxia é distorcida em suas bordas. Eles também foram capazes de determinar a idade da população de cefeidas, com estrelas jovens localizadas mais próximas do centro do disco galáctico e estrelas mais velhas posicionadas mais longe, perto da borda.
Ao simular a formação de estrelas no início da Via Láctea, a equipe mostrou como a galáxia pode ter evoluído nos últimos 175 milhões de anos, com explosões de formação estelar nos braços espirais, resultando na distribuição atual de cefeidas variando entre 20 milhões e 260 milhões de anos.
“Esperamos que o nosso trabalho seja um excelente ponto de partida para uma modelagem mais sofisticada do passado da Galáxia”, diz Skowron. “Nossas cefeidas são um ótimo teste para verificar a confiabilidade de tais modelos”.
A nova pesquisa segue um estudo da Nature Astronomy, publicado em fevereiro, que analisou 1.339 cefeidas e também criou um dos mapas 3D mais abrangentes da Via Láctea, que mostrou que a nossa galáxia é torcida em suas bordas. Os dois estudos mostram resultados muito semelhantes, especialmente no que diz respeito à natureza estranha das bordas distorcidas da Via Láctea. No entanto, ainda há dúvidas sobre esse fenômeno.
“Nosso mapa mostra que o disco da Via Láctea não é plano. É deformado e torcido longe do centro galáctico”, disse o coautor Przemek Mroz. “Esta é a primeira vez que podemos usar objetos individuais para mostrar isso em três dimensões”. A causa da curvatura ainda é desconhecida.