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Maior variedade de microrganismos no intestino ajuda a perder peso

A obesidade se tornou uma pandemia mundial. Além de aumentar os casos de morbidade e mortalidade cardiovascular, as comorbidades da obesidade (hipertensão, acidente vascular cerebral, dislipidemia, câncer, diabetes e outras condições crônicas) custam aproximadamente US $ 8,65 bilhões ao ano com a perda de produtividade devido apenas ao absenteísmo.

O estudo conduzido na Stanford University, publicado na Scientific Reports, explorou se os atributos da microbiota intestinal (microrganismos no intestino) predispunham indivíduos a uma perda de peso bem-sucedida em 12 meses.

Adultos com sobrepeso e obesidade avaliados no estudo Diet Intervention Examining The Fators Interacting with Treatment Success (DIETFITS) inscritos entre o outono de 2013 e a primavera de 2014 nos Estados Unidos foram abordados para inclusão neste estudo. DIETFITS foi um ensaio clínico randomizado de 12 meses de dietas com baixo teor de carboidratos e baixo teor de gordura.

A pesquisa incluiu 66 indivíduos, dos quais 32 (22 mulheres) foram randomizados para a dieta pobre em carboidratos e 34 (17 mulheres) para a dieta pobre em gordura. Esses 66 indivíduos forneceram amostras de fezes em três dias consecutivos antes do início da dieta, mais três amostras diárias adicionais 10 semanas após o início da dieta.

Para analisar o conteúdo das microbiota intestinal, o DNA foi extraído de 50-150 mg de material fecal usando um kit de equipamentos capazes de isolar o DNA.

Os pesquisadores relataram a importância potencial da plasticidade da microbiota intestinal na perda sustentada de peso. A plasticidade da microbiota foi definida como a variabilidade na estrutura e composição da microbiota, em escalas de tempo tão curtas quanto um dia.

A hipótese mais segura tem como base a teoria ecológica, a qual sugere que comunidades biologicamente diversas tem maior resiliência, pois contêm um conjunto maior de características e funções da comunidade que lhes permitem adaptar-se a ambientes em mudança e proteger o sistema contra a perda de espécies

Portanto, os resultados dessa pesquisa reforçam a importância da variedade de microrganismos no intestino sobre a saúde do corpo.

Referência

  • Grembi, J.A., Nguyen, L.H., Haggerty, T.D. et al. Gut microbiota plasticity is correlated with sustained weight loss on a low-carb or low-fat dietary intervention. Sci Rep 10, 1405 (2020). https://doi.org/10.1038/s41598-020-58000-y
Vitor Engrácia Valenti

Vitor Engrácia Valenti

Graduado em Fisioterapia pela UNESP/Marília. Doutorado em Ciências pela UNIFESP com Sandwich na University of Utah. Pós-Doutor em Fisiopatologia pela USP e Livre-Docente pela UNESP/Marília. É Prof. Adjunto de Fisiologia e Morfofisiopatologia na UNESP/Marília. Membro do corpo editorial da Scientific Reports, da Frontiers in Physiology, da Frontiers in Neuroscience e da Frontiers in Neurology. Coordenador do Centro de Estudos do Sistema Nervoso Autônomo. Contato: vitor.valenti@unesp.br