Por Michelle Starr
Publicado na ScienceAlert
Com um número incontável de estrelas no Universo, imaginamos que as mortes explosivas sejam bastante comuns. No entanto, raramente conseguimos ver a maneira espetacular como esses eventos de supernova se desdobram no espectro visível – mas essa é exatamente a possibilidade que o Telescópio Espacial Hubble nos oferece hoje.
Em janeiro de 2018, uma explosão de luz brilhante foi detectada nos arredores de uma galáxia chamada NGC 2525, a 70 milhões de anos-luz de distância. Em fevereiro de 2018, o Telescópio Espacial Hubble apontou sua câmera Wide Field 3 na direção daquele flash de luz e começou a tirar fotos.
Por um ano inteiro, até fevereiro de 2019, o Hubble continuou a tirar imagens da progressão da supernova conforme ela desaparecia com o tempo, até que não estava mais visível.
O telescópio espacial não conseguiu capturar o brilho máximo da supernova de cerca de 5 bilhões de vezes a luz do Sol, mas ainda estava brilhando bastante quando o Hubble a capturou.
“Nenhuma exibição de fogos de artifício terrestre pode competir com esta supernova, capturada em sua glória esmaecida pelo Hubble”, disse o astrofísico Adam Riess, do Space Telescope Science Institute e da Universidade Johns Hopkins.
O próprio evento da supernova, denominado SN 2018gv, é mais do que apenas fogos de artifício cósmicos – é uma das ferramentas que os astrofísicos e cosmologistas estão usando para ajudar a descobrir o quão rápido o Universo está se expandindo.
É o que se conhece como supernova Tipo Ia, que ocorre quando uma estrela anã branca em um par binário suga tanto material de sua companheira que se torna instável e explode em uma supernova. Como essa massa crítica – conhecida como massa Chandrasekhar – está dentro de uma faixa conhecida, as supernovas Tipo Ia têm um brilho intrínseco determinável.
Há alguma variação no brilho do pico da supernova Tipo Ia, mas isso está relacionado à rapidez com que a supernova se desvanece, portanto, observar esse processo de perto permite que os cientistas sejam capazes de calcular o brilho do pico com precisão.
Isso as tornam extremamente valiosas para medir distâncias cósmicas. Se você sabe o quão intrinsecamente brilhante ela é, pode calcular a que distância ela está. E se você pode calcular a que distância ela está, você tem uma ferramenta útil para sondar as propriedades do espaço ao seu redor.
Por exemplo, as medições de distância podem afetar a quantidade de matéria escura detectável que uma galáxia possui. Elas podem nos dizer o quão brilhantes são as galáxias. E, é claro, elas são a chave para medir a velocidade de expansão do Universo, um número que parece que não podemos determinar, mas que é fundamental para a cosmologia.
É por isso que Riess e sua equipe – e muitos outros astrônomos ao redor do mundo – estão estudando supernovas Tipo Ia como SN 2018gv.
Observações do Telescópio Espacial Hubble como essas são inestimáveis e, ao longo dos 30 anos desde que ele iniciou suas operações, o Hubble ajudou muito nos esforços para reduzir a incerteza que temos nas medições de distância das supernovas Tipo Ia – e cálculos da taxa de expansão do Universo, por sua vez.
O Telescópio Espacial James Webb, quando for lançado, deve ser capaz de ver supernovas do Tipo Ia ainda mais distantes no espaço. Isso, é claro, será ótimo para a ciência.
Mas mal podemos esperar para ver os timelapses.