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NASA finalmente faz contato com a Voyager 2 após o maior silêncio de rádio em 30 anos

Por Peter Dockrill
Publicado na ScienceAlert

Nunca houve um silêncio de rádio por tanto tempo. Depois de longos meses sem nenhuma maneira de fazer contato com a Voyager 2, a NASA finalmente restabeleceu as comunicações com a espaçonave interestelar que quebrou recordes.

O colapso nas comunicações – que durou desde março, quase oito meses e uma pandemia inteira – não foi devido a algum mal funcionamento, nem qualquer encontro com algo estranho no espaço interestelar (embora haja isso também).

Nesse caso, era apenas uma manutenção de rotina. E, no entanto, quando você é uma das espaçonaves que foi mais longe na história – deixando a Terra e, até mesmo, todo o Sistema Solar para trás – nada é rotineiro de fato.

Em março, a NASA anunciou que a Deep Space Station 43 (DSS-43) na Austrália, a única antena na Terra que pode enviar comandos à Voyager 2, exigia atualizações críticas e precisaria ser desligada por aproximadamente 11 meses para que o trabalho fosse concluído.

Durante esse meio tempo, a Voyager 2, que está atualmente a mais de 18,7 bilhões de quilômetros de distância da Terra e indo cada vez mais longe, não seria capaz de receber nenhuma comunicação da Terra, embora suas próprias transmissões de volta para nós ainda pudessem ser recebidas por cientistas.

Dessa forma, a renovação da DSS-43 ainda está em andamento e a caminho de ser finalizada em fevereiro de 2021, mas as atualizações suficientes foram instaladas para o início dos testes preliminares.

Na semana passada, os operadores da missão enviaram suas primeiras comunicações para a Voyager 2, emitindo uma série de comandos. A NASA relata que a Voyager 2 retornou um sinal confirmando que havia recebido as instruções e executado os comandos sem problemas.

Em seu perfil no Twitter, a Deep Space Station publicou: “nos últimos 8 meses, a Deep Space Station 43 vem passando por atualizações. A Voyager está esperando que possamos enviar comandos novamente. Na sexta-feira, 30 de outubro, enviamos esses comandos e depois de 34 horas e 48 minutos de ida e volta, recebemos de volta um ‘alô'”.

Os pings bem-sucedidos entre antenas de rádio e espaçonaves geralmente não são eventos dignos de notícia, mas a Voyager 2 é uma sonda tão lendária e histórica (na verdade, a missão espacial mais longa da NASA), que recebe atenção especial com razão – especialmente em situações desse tipo, envolvendo um período de silêncio de rádio unilateral por tanto tempo, é efetivamente sem precedentes.

De acordo com a NASA, a DSS-43 não ficou offline por muito tempo em mais de 30 anos. A velha antena de rádio que precisava ser substituída – a única no mundo capaz de transmitir para a Voyager 2 – estava em uso há mais de 47 anos.

Como parte da renovação, a DSS-43 está recebendo duas novas antenas, equipamentos atualizados de aquecimento e resfriamento, fonte de alimentação e outros componentes eletrônicos para suportar os novos transmissores. Quando o trabalho estiver concluído, as atualizações darão longevidade a um dos pilares de uma instalação que já é lendária.

“O que torna essa tarefa única é que estamos trabalhando em todos os níveis da antena, desde o pedestal no nível do solo até os cones de alimentação no centro da chapa que se estendem acima da borda”, disse o gerente de projeto de rede NASA Deep Space Brad Arnold.

“Essa comunicação de teste com a Voyager 2 definitivamente nos diz que as coisas estão de acordo com o trabalho que estamos fazendo”.

Quanto ao motivo pelo qual a DSS-43 é a única antena no mundo que pode alcançar a Voyager 2, não é algo puramente tecnológico. Como resultado da passagem da sonda pelo satélite natural Tritão de Netuno em 1989, a trajetória da Voyager 2 mudou significativamente para o sul em relação ao plano dos planetas do Sistema Solar, o que significa que as antenas terrestres no hemisfério norte não têm como alcançá-la.

Para antenas ao sul, no entanto, não é nada demais – exceto que você fique offline por quase um ano por conta das atualizações críticas. Mesmo assim, os cientistas nunca pararam de pensar na Voyager 2 e ficaram atentos aos sinais vitais.

“Sempre conversamos com a espaçonave. Fazemos isso diariamente”, disse Suzanne Dodd, gerente de projeto da missão interestelar Voyager, à CNN.

“Podemos ver que ela está bem. Se não estivesse, já estaríamos cientes do fato”.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.