Pular para o conteúdo

Humanos antigos dominavam o fogo há pelo menos 1 milhão de anos, sugere estudo

Traduzido por Julio Batista
Original de Tessa Koumoundouros para o ScienceAlert

Dominar o fogo abriu caminho para mundos totalmente novos para os primeiros humanos – desde o acesso a mais nutrientes através do cozimento (colaborando com o aumento no tamanho do cérebro), até tornar as horas escuras úteis e sobreviver a migrações para climas mais severos.

Como e quando esse domínio aconteceu, no entanto, foi perdido no tempo, com fragmentos de material queimado sugerindo que nosso domínio das chamas pode ter começado até 1,5 milhão de anos atrás. Agora, os cientistas usaram a IA para detectar evidências ocultas de fogueiras de um sítio do Paleolítico Inferior em Israel, que remonta a cerca de 1 milhão de anos atrás.

A identificação do fogo em sítios arqueológicos geralmente depende de evidências visuais como avermelhamento do solo, descoloração, deformação, rachaduras e encolhimento de materiais.

No novo estudo, os pesquisadores usaram um ‘termômetro’ espectroscópico que pode detectar pequenas mudanças químicas analisadas por algoritmos de aprendizado profundo, que podem estimar a exposição de pedras e fósseis ao calor.

O arqueólogo Zane Stepka, do Centro Kimmel de Ciência Arqueológica, em Israel, e colegas usaram este ‘termômetro’ em artefatos de sílex de um sítio em Israel, datado entre 1,0 e 0,8 milhão de anos atrás.

Ferramentas de sílex encontradas na Pedreira de Evron. (Créditos: Zane Stepka)

Os artefatos foram encontrados ao lado de fósseis de animais dentro de areia cinza-amarelada que ficava em cima do solo argiloso vermelho. Não havia nenhuma indicação visual óbvia de uso de fogo neste local.

Mas o ‘termômetro’ da IA ​​revelou assinaturas químicas sutis, sugerindo que várias ferramentas de pedra e pedaços de presas foram aquecidos a uma variedade de temperaturas, algumas superiores a 400 graus Celsius. Isso sugere que elas entraram em contato com o fogo.

Enquanto a equipe adverte que eles não podem descartar completamente os incêndios florestais neste momento – como o local estava em um local aberto – o agrupamento de ferramentas e ossos sugere que os primeiros hominídeos estavam realmente controlando o fogo.

Anteriormente, pensava-se que o uso do fogo pelos hominídeos antes de cerca de 150.000 anos atrás era apenas oportunista, como os aves de rapina australianos espalhando chamas intencionalmente para ajudar a expulsar as presas. Mas se esses incêndios estão de fato confinados a acampamentos, isso sugere o contrário.

Apenas um punhado de sítios arqueológicos antigos apresentam sinais de artefatos humanos primitivos ao lado de evidências de fogo, e isso adiciona peso à ideia de que nossos ancestrais já estavam fazendo uso dessa poderosa tecnologia naquela época.

O uso adicional da nova técnica pode nos ajudar a revelar mais sobre quando e como dominamos as chamas, disseram os pesquisadores.

“Reexaminar artefatos desenterrados de outros locais do Paleolítico Inferior, incluindo aqueles localizados no Levante, pode potencialmente ampliar nossa compreensão espaço-temporal da relação entre os primeiros hominídeos e o fogo”, escreveu a equipe.

Esta pesquisa foi publicada na PNAS.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.