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Pesquisadores descobrem que comunidades de chimpanzés têm dialetos gestuais locais

Traduzido por Julio Batista
Original de Universidade de St Andrews

Pesquisadores da Universidade de St Andrews, Reino Unido, descobriram que chimpanzés em duas comunidades vizinhas na Floresta de Budongo, em Uganda, usam gestos de folhas em diferentes dialetos para se comunicar com membros de seu grupo.

O estudo, publicado em 5 de janeiro na Scientific Reports, mostra que uma comunidade de chimpanzés usa sua própria forma preferida de gesto com folhas, e que grupos vizinhos podem usar gestos diferentes, de modo que cada grupo tenha seus próprios dialetos gestuais.

A comunicação gestual é parte integrante da vida social dos chimpanzés. Os chimpanzés usam gestos para pedir comida, navegar nas interações sociais e fazer as pazes após as brigas. Os gestos assumem várias formas: alguns são realizados apenas com as mãos, alguns incluem tocar outro indivíduo e outros envolvem a manipulação de objetos comuns encontrados no ambiente ao redor dos chimpanzés, como gravetos, árvores e folhas.

Por exemplo, os gestos das folhas podem incluir a modificação das folhas rasgando-as com um som distinto ou puxando-as do caule, assim como arrancar as pétalas de uma margarida – tipo um “bem me quer, mal me quer”. Esses gestos de modificação de folhas são muito semelhantes entre si e foram vistos em quase todas as comunidades de chimpanzés estudadas do leste ao oeste da África. Mas, pela primeira vez, os pesquisadores mostraram que cada grupo mantém seu próprio estilo ou dialeto de gestos modificadores de folhas e que essas diferenças não podem ser explicadas por diferenças em seu ambiente florestal ou genética.

Gestos de folhas. (Créditos: Gal Badihi)

Ela acrescentou: “eles usam esses gestos de modificação de folhas por alguns motivos, mas o motivo mais comum para os chimpanzés em Budongo usá-los é como uma espécie de ‘dialeto de paquera’ gestual – eles são o equivalente ao flerte do chimpanzé; e acontece que, mesmo depois de criar coragem para perguntar à garota se ela está interessada, você também precisa saber como fazer isso no ‘estilo’ local.”

Gal Badihi acrescentou: “curiosamente, também parece que as fêmeas que se mudaram entre as comunidades foram capazes de entender o dialeto da comunidade para a qual se mudaram. Isso mostra que os chimpanzés podem aprender de forma flexível a usar e entender dialetos ‘estrangeiros’ ao longo de suas vidas, mesmo quando adultos.”

O paper, “Dialects in leaf-clipping and other leaf-modifying gestures between neighbouring communities of East African chimpanzees” (Dialetos no rasgo de folhas e outros gestos de modificação de folhas entre comunidades vizinhas de chimpanzés da África Oriental, na tradução livre), foi publicado na Scientific Reports.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.