Traduzido por Julio Batista
Original de Ben Turner para a Live Science
astrônomos detectaram um dos objetos cósmicos de maior duração, brilhantes e energéticos já observados – e o batizaram de “Barbie Sinistra” (Scary Barbie, em inglês), em parte devido ao seu poder aterrorizante.
O objeto remoto, um flash de luz incrivelmente brilhante que durou mais de dois anos, foi descoberto escondido dentro de um enorme conjunto de dados coletados por telescópios guiados por computador.
Depois de encontrar a região brilhante do céu nos dados e cruzá-lo com observações feitas por outros telescópios, os astrônomos perceberam que haviam se deparado com uma das mais poderosas explosões cósmicas já testemunhadas. Eles relataram suas descobertas em 17 de abril no servidor de pré-publicação arXiv, e seu paper foi aceito para publicação no The Astrophysical Journal Letters.
“É algo absurdo. Se você pegar uma supernova típica e multiplicá-la mil vezes, ainda não chegamos perto do quão brilhante aquilo é – e as supernovas estão entre os objetos mais luminosos do céu”, disse o co-autor Danny Milisavljevic, professor assistente de física e astronomia na Universidade de Purdue, em um comunicado. “Este é o fenômeno mais energético que já encontrei.”
A Barbie Sinistra nasceu da agonia final de uma estrela sendo despedaçada por um buraco negro supermassivo.
Os buracos negros se alimentam de estrelas azaradas que cruzam seus caminhos, usando forças de maré exercidas por suas imensas atrações gravitacionais. À medida que a estrela se aproxima cada vez mais da boca do buraco negro, a gravidade que afeta as regiões da estrela mais próximas do buraco negro é muito mais forte do que a que atua no lado oculto da estrela. Essa disparidade “espaguetiza” a estrela em uma longa corda semelhante a um macarrão que fica bem enrolada em torno do buraco negro camada por camada – como espaguete em torno de um garfo.
Esse macarrão de plasma quente acelera rapidamente em torno do buraco negro e gira em um enorme jato de energia e matéria, que produz um feixe de luz brilhante distinto – conhecido como evento transitório – que os telescópios ópticos, de raios-X e de ondas de rádio pode detectar.
Como a luz da Barbie Sinistra veio de uma região remota do céu – viajando cerca de 7,7 bilhões de anos através do tecido em expansão do espaço-tempo – os astrônomos não detectaram o evento diretamente. Em vez disso, ao desenvolver um sistema de aprendizado de máquina chamado Recommender Engine For Intelligent Transient Tracking, os pesquisadores vasculharam os dados de muitas observações antes de encontrar a fonte de luz extremamente brilhante. Usando o Observatório Lick na Califórnia e o Observatório Keck no Havaí, ambos nos EUA, os pesquisadores foram mais capazes de caracterizar a luz como proveniente de um evento transitório.
Mas a Barbie Sinistra – um apelido baseado em seu nome alfanumérico atribuído aleatoriamente, ZTF20abrbeie, com uma referência ao seu poder assustador – é estranha mesmo entre outros eventos astronômicos raros e extremos. É muito mais brilhante do que qualquer outro evento transitório com o qual os astrônomos poderiam compará-la e, embora os eventos transitórios geralmente durem apenas semanas ou meses, a Barbie Sinistra já está ativa em uma fúria incandescente por mais de dois anos, sem nenhuma indicação de que irá se extinguir.
Os astrônomos disseram que observações adicionais da Barbie Sinistra, possivelmente usando o Telescópio Espacial Hubble e o Telescópio Espacial James Webb, poderiam permitir que eles tirassem algumas imagens de alta resolução da incrivelmente rara explosão cósmica.
“Existem poucas coisas no Universo que podem ser tão poderosas e que podem durar tanto”, disse Milisavljevic. “Descobertas como essa realmente abrem nossos olhos para o fato de que ainda estamos descobrindo mistérios e explorando maravilhas no Universo – coisas que ninguém jamais viu antes.”