Traduzido por Carlos Germano
Original de Joanna Thompson para o Live Science
Os astrônomos podem ter encontrado os restos das primeiras estrelas do universo. A composição química desses objetos distantes, de mais de 13 bilhões de anos, são diferentes das de estrelas mais jovens, como o nosso sol. Ao estudá-los, os cientistas esperam esclarecer como as estrelas, galáxias e até mesmo elementos básicos se formam.
A pesquisa, de co-autoria da astrofísica Stefania Salvadori, da Universidade de Florença (abre em nova aba), foi publicada em 3 de maio no The Astrophysical Journal (abre em nova aba).
Nos primeiros dias do universo, apenas elementos muito simples, como hidrogênio e hélio, estavam disponíveis. As primeiras estrelas começaram a inflamar a partir desses elementos. Com o tempo, seus núcleos incandescentes transformaram átomos simples em elementos mais pesados, como carbono, oxigênio, magnésio e, eventualmente, metais. Estrelas que vieram depois se formaram a partir de nuvens de gás contendo esses átomos mais pesados, e hoje a maioria das estrelas que os cientistas observam são ricas em metais como o ferro. (Nosso sol tem cerca de 98% de hidrogênio e hélio, mas contém vestígios de elementos mais pesados como ferro, neon e carbono.)
Ninguém observou diretamente as estrelas originais, pobres em metal; a maioria delas fracassou ou explodiu há muito tempo. Mas os cientistas ainda podem observar alguns de seus restos.
Usando o Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul, Salvadori e sua equipe observaram três nuvens distantes de gás formador de estrelas. Por si só, essas nuvens não diriam muito aos cientistas, mas a luz recebida de quasares próximos – núcleos galácticos brilhantes formados por poeira caindo em um buraco negro supermassivo – ajudou a revelar os segredos que elas guardavam. Com base em quais comprimentos de onda de luz as nuvens de gás absorveram, a equipe determinou de que elementos eram feitos os restos estelares.
Com certeza, as nuvens eram extremamente pobres em ferro e outros elementos metálicos, mas ricas em carbono, oxigênio e magnésio – exatamente o que teria sobrado depois que as primeiras estrelas ficaram sem combustível e explodiram, segundo os pesquisadores. Isso acompanha outras pesquisas sobre as origens das estrelas e pode ajudar a explicar a composição de estrelas mais jovens, incluindo as encontradas na Via Láctea.
“Nossa descoberta abre novos caminhos para estudar indiretamente a natureza das primeiras estrelas, complementando totalmente os estudos de estrelas em nossa galáxia”, disse Salvadori em um comunicado.