A Neuralink, empresa de Elon Musk dedicada ao desenvolvimento de implantes cerebrais, acaba de receber aprovação da Food and Drug Administration (FDA), o órgão regulador de alimentos e medicamentos dos Estados Unidos, para iniciar seus primeiros testes em humanos.
A Neuralink tem como objetivo utilizar sua tecnologia de interface cérebro-computador (BCI, do inglês Brain-Computer Interface) para restaurar movimentos em pessoas com quadriplegia, uma condição que resulta em paralisia total ou parcial dos braços, pernas e tronco. Musk também expressou a esperança de que os implantes cerebrais possam ser usados para restaurar a visão em pessoas cegas.
Os implantes da Neuralink operam decodificando os sinais elétricos emitidos pelos neurônios, as células nervosas, e transmitindo as informações decodificadas para um computador por meio de Bluetooth. Por exemplo, no caso de restaurar o movimento, o computador analisa as informações recebidas e responde enviando sinais de volta ao corpo para estimular os nervos e músculos a controlar o movimento.
A inserção do implante é realizada através de uma pequena abertura no crânio criada por um robô cirúrgico. As eletrodos do implante são então inseridos a poucos milímetros no córtex, a camada externa do cérebro. Segundo Musk, o procedimento pode ser concluído em 30 minutos, sem necessidade de anestesia geral.
Vale salientar que a Neuralink não é a única empresa trabalhando com a tecnologia BCI. Em 2022, a Synchron implantou seu sistema Stentrode em seu primeiro paciente humano após receber autorização da FDA para começar os testes em humanos. O dispositivo é projetado para permitir que pessoas com paralisia operem tecnologias assistivas usando apenas seus pensamentos.
Contudo, a Neuralink tem enfrentado algumas polêmicas. Um grupo de direitos dos animais, o Comitê de Médicos para Medicina Responsável (PCRM, do inglês Physicians Committee for Responsible Medicine), apresentou uma denúncia em 2022 acusando a Neuralink de realizar cirurgias malfeitas. Além disso, a empresa é suspeita de ter causado a morte de aproximadamente 1.500 animais desde 2018.
Apesar dos desafios e controvérsias, Elon Musk continua confiante na segurança da Neuralink, afirmando inclusive que estaria disposto a implantar a tecnologia em seus próprios filhos e em si mesmo.
Os próximos testes em humanos têm como objetivo provar a segurança e eficácia dos implantes cerebrais da Neuralink antes que eles possam ser aprovados pela FDA e amplamente disponibilizados. Ainda não foi aberto o recrutamento para os ensaios clínicos, conforme informado pela Neuralink em um tweet recente.