A sonda espacial japonesa SLIM entrou na órbita lunar nesta segunda-feira, marcando um grande passo rumo ao primeiro pouso lunar bem-sucedido do país, previsto para o próximo mês.
O SLIM, sigla para “Smart Lander for Investigating Moon” (em português, “Módulo de Pouso Inteligente para Investigação da Lua”), é apelidado de “Moon Sniper” (“Atirador Lunar”, na tradução literal) por ser projetado para pousar a cerca de 100 metros de um alvo específico na superfície lunar.
Se bem-sucedido, o pouso colocará o Japão como o quinto país a realizar com sucesso um pouso de sonda na Lua, depois dos Estados Unidos, Rússia, China e Índia.
Na segunda-feira, o SLIM “entrou com sucesso na órbita lunar às 16:51, horário do Japão” (07:51 GMT), informou a Agência de Exploração Aeroespacial do Japão (JAXA) em um comunicado divulgado na noite de segunda-feira.
“A alteração da sua trajetória foi realizada conforme o planejado, e não há nada de anormal nas condições da sonda”, informou a agência.
A descida do módulo de pouso em direção à Lua está prevista para começar por volta das 00:00, horário do Japão, em 20 de janeiro, com o pouso na superfície agendado para 20 minutos depois, segundo a JAXA.
O foguete H-IIA foi lançado em setembro da ilha de Tanegashima, no sul do Japão, transportando o módulo de pouso, após três adiamentos devido ao mau tempo.
A JAXA anunciou este mês que a missão representará um “pouso de alta precisão sem precedentes” na Lua.
O módulo de pouso está equipado com uma sonda esférica desenvolvida em parceria com uma empresa de brinquedos.
Um pouco maior do que uma bola de tênis, ela pode alterar sua forma para se mover na superfície lunar.
Comparando com sondas anteriores que pousaram a “alguns ou mais de 10 quilômetros” de distância dos alvos, a margem de erro do SLIM, inferior a 100 metros, sugere um nível de precisão anteriormente considerado impossível, resultado de um esforço de 20 anos dos pesquisadores, segundo a JAXA.
Com o avanço da tecnologia, cresce a demanda por identificar alvos específicos, como crateras e rochas na superfície lunar, disse Shinichiro Sakai, gerente do projeto SLIM da JAXA, a jornalistas este mês.
“Acabaram os dias em que explorar ‘algum lugar na Lua’ era suficiente”, afirmou ele.
Há também grandes expectativas de que a precisão do SLIM facilite a amostragem do pergelissolo lunar, aproximando os cientistas de desvendar o mistério em torno dos recursos hídricos na Lua, acrescentou Sakai.
As missões japonesas falharam duas vezes – uma pública e outra privada.
No ano passado, o Japão enviou sem sucesso a sonda lunar Omotenashi como parte da missão Artemis 1 dos Estados Unidos.
Em abril, a startup japonesa ispace tentou sem sucesso se tornar a primeira empresa privada a pousar na Lua, perdendo a comunicação com sua nave após um “pouso forçado”.
O artigo foi publicado originalmente na Agence France-Presse.