Novas pesquisas sugerem que o enfraquecimento temporário do campo magnético da Terra, há cerca de 590 milhões de anos, que poderia levar a um colapso, colocando potencialmente a vida na superfície do planeta em risco devido a um aumento na radiação cósmica, na verdade, fez a vida prosperar.
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De acordo com um novo artigo, escrito pelo cientista da Terra da Universidade de Rochester, Wentao Huang, e colegas, o campo magnético da Terra estava em um estado altamente incomum quando os animais macroscópicos da fauna de Ediacara se diversificaram e prosperaram.
Estudos de rochas do Canadá relataram que o campo magnético da Terra enfraqueceu ao seu nível mais baixo conhecido, há cerca de 565 milhões de anos, durante o período Ediacarano, quando a vida multicelular estava a tomar forma.
Porém, nem todos concordaram com essa visão de catástrofe no período. Já em 1965, o cientista planetário Carl Sagan argumentou que a atmosfera e os oceanos da Terra poderiam ter servido como um manto protetor para as primeiras formas de vida, mesmo que o campo magnético do planeta diminuísse.
Os resultados canadenses podem ser atípicos, mas os cientistas foram cavar mais fundo. Eles estudaram rochas ígneas da África do Sul e do Brasil, que se formaram há bilhões de anos, para entender melhor as mudanças no campo magnético da Terra.
Há pouco mais de 2 bilhões de anos, o campo magnético da Terra era forte, mas cerca de 1,5 bilhões de anos mais tarde, caiu para o seu ponto mais baixo – cerca de 30 vezes mais fraco do que é hoje.
Combinando seus resultados com os do estudo canadense de 2019, os pesquisadores concluem que este campo magnético inferior durou pelo menos 26 milhões de anos, de 591 a 565 milhões de anos atrás.
Coincidentemente, este intervalo sobrepõe-se a um aumento nos níveis de oxigênio atmosférico e oceânico há cerca de 575–565 milhões de anos, durante o período final do Ediacarano, quando também houve uma explosão na biodiversidade.
O momento no final do Ediacarano, há cerca de 540 milhões de anos, é surpreendente – pois normalmente é a explosão cambriana que é considerada responsável pela diversidade evolutiva, dando origem à vida complexa que se tornou os animais e insetos que vemos hoje.
Pesquisas recentes entretanto sugerem que os primeiros ecossistemas complexos podem ter realmente se formado no Ediacarano, com estruturas comunitárias cada vez mais complexas em fósseis do final do Ediacarano.
Mas a vida precisa de oxigênio para se tornar maior e mais complexa. Animais marinhos microscópicos e esponjas podem sobreviver em oceanos com baixo teor de oxigênio, mas animais maiores e móveis com planos corporais complexos precisam de mais oxigênio para suportar as suas necessidades metabólicas.
Havia, contudo, a incógnita de como um campo magnético extremamente fraco poderia influenciar o aumento dos níveis de oxigênio. Huang e sua equipe, ao modelarem a evolução do vento solar, sugerem que o enfraquecimento do campo magnético poderia ter facilitado a fuga de mais íons de hidrogênio da atmosfera terrestre para o espaço, o que poderia ter resultando em níveis mais altos de oxigênio nos oceanos e na atmosfera, consequentemente promovendo a diversificação da vida ediacarana.
Parece que a vida ediacarana aproveitou o seu momento quando o campo magnético da Terra desapareceu, mesmo que muitas dessas criaturas estivessem destinadas a um beco sem saída evolutivo.