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A adaptação dos microrganismos ao clima pode desacelerar o aquecimento global

Usando amostras de toda a Europa, os pesquisadores conseguiram descobrir que os microorganismos do solo podem se adaptar às mudanças de temperatura (Foto: Carla Cruz Paredes)

Traduzido por Carlos Germano
Original de Universidade de Lund

Um novo estudo da Universidade de Lund, na Suécia, mostra que a capacidade dos microrganismos de se adaptar à mudança do clima diminuirá o aquecimento global ao armazenar carbono no solo.

No estudo, os pesquisadores coletaram amostras de solo de toda a Europa em uma ampla gama de temperaturas, de 3,1 a 18,3 graus Celsius negativos. As amostras revelaram que os microrganismos dos solos – como bactérias e fungos – são adaptados ao clima local quando se trata de crescimento e respiração. No entanto, os pesquisadores demonstraram que os microrganismos podem se adaptar às mudanças de temperatura. Os organismos podem até se beneficiar dessas mudanças.

“Apesar de décadas de avaliação científica, os pesquisadores não conseguiram determinar se os microrganismos podem se adaptar ao aquecimento – e se o fazem. Agora, com essa pesquisa, podemos confirmar que é esse o caso, e que os organismos podem realmente diminuir o aquecimento global”, diz Carla Cruz Paredes, pesquisadora de biologia da Universidade de Lund.

O novo estudo, publicado na revista científica Applied and Environmental Microbiology, também revela que grupos de microrganismos reagem de forma diferente ao aquecimento. Bactérias e fungos divergem em sua sensibilidade às mudanças de temperatura, sendo as bactérias mais sensíveis que os fungos. Além disso, o crescimento microbiano é mais sensível às mudanças de temperatura do que a respiração. Essas diferenças na sensibilidade à temperatura têm implicações importantes para previsões de futuras perdas e armazenamento de carbono, da mesma forma que o solo é afetado pelo aquecimento global.

Bactérias e fungos foram analisados ​​em cada amostra de solo (Foto: Carla Cruz Paredes)
Bactérias e fungos foram analisados ​​em cada amostra de solo (Foto: Carla Cruz Paredes)

“O resultado dessas diferentes sensibilidades ao crescimento e à respiração em diferentes temperaturas – entre bactérias e fungos – impactará o balanço de carbono entre o solo e a atmosfera, e, portanto, o comportamento do solo sobre o aquecimento climático”, diz Carla Cruz Paredes.

O estudo destaca a importância de representar com precisão as respostas microbianas ao aquecimento global em modelos de teor de carbono no solo. A pesquisa também mostra que as respostas ecológicas dos microrganismos da Terra terão um papel fundamental na regulação do clima do planeta.

“O aquecimento climático é uma das maiores ameaças ao nosso meio ambiente. Para reduzir o aquecimento global, é necessário aumentar a capacidade do solo de armazenar ou sequestrar carbono. Este estudo é um passo à frente no fornecimento de melhores previsões para as avaliações do painel climático da ONU”, diz Carla Cruz Paredes.

Carlos Germano

Carlos Germano

carlosgermanorf@gmail.com