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A evolução seria previsível em todo o Universo, segundo cientista

Traduzido por Julio Batista
Original de Ker Than para a Live Science

Se a história da vida na Terra pudesse ser rebobinada e repetida, muitas das mesmas inovações reapareceriam, embora em momentos diferentes e em formas ligeiramente diferentes.

Esta é a conclusão de Geerat Vermeij, paleontólogo da Universidade da Califórnia, em Davis.

As opiniões de Vermeij implicam que a evolução é de certa forma previsível e que a vida em outros planetas pode não ser tão estranha, afinal.

“Algumas características são tão vantajosas em tantas circunstâncias, ou surgem tão facilmente em virtude da auto-organização, que é provável que você veja as mesmas coisas repetidamente”, disse Vermeij à LiveScience.

Entre as inovações que a evolução pode achar irresistíveis: fotossíntese, sementes de plantas, ossos mineralizados, inteligência e linguagem.

Vídeo da vida

As opiniões de Vermeij contrastam com as do falecido biólogo de Harvard, Stephen Jay Gould, que argumentou que se a “fita de vídeo da vida” pudesse ser rebobinada e reproduzida novamente, formas de vida muito diferentes evoluiriam. Gould acreditava que o acaso, ou “contingência”, desempenha um grande papel na história da vida. A extinção dos dinossauros e o surgimento dos mamíferos na Terra, por exemplo, resultaram de um impacto fortuito de um asteroide há 65 milhões de anos.

Em um estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, Vermeij revisou 23 inovações evolutivas tradicionalmente consideradas únicas na história da vida. Isso incluía coisas como código genético, sexo, penas de pássaros, cascos de tartaruga e linguagem humana.

Vermeij também revisou outras 55 inovações que evoluíram mais de uma vez na história da vida entre espécies não relacionadas. Os cientistas chamam esses casos de inovações repetidas de “evolução convergente”. Alguns dos casos de evolução convergente que Vermeij examinou foram multicelularidade, olhos, ouvidos e injeção de veneno.

Vermeij concluiu que a maioria das inovações únicas – com exceção da linguagem humana – são antigas, com mais de meio bilhão de anos. Muitas das inovações repetidas, em contraste, apareceram muito mais tarde na história da vida.

Uma falsa perspectiva histórica

Uma possível explicação para esses resultados é que algo limitou a quantidade de evolução convergente que poderia ocorrer durante os primeiros estágios da vida. Se fosse esse o caso, as características desenvolvidas durante esse tempo seriam realmente únicas e poderiam não aparecer novamente se as condições fossem ligeiramente diferentes.

No entanto, Vermeij acha que essa opção é improvável, porque significaria que “o mundo mudou de uma maneira peculiar” desde os tempos antigos.

A explicação mais provável, ele pensa, é que muitos dos desenvolvimentos “únicos” da vida podem parecer assim porque outras espécies que também desenvolveram essas características foram extintas e seus restos não foram fossilizados.

Outra possibilidade é que muitas inovações consideradas únicas sejam apenas resultado de uma intensa seleção natural. Por exemplo, quando o código genético apareceu pela primeira vez entre os organismos primitivos, ele ofereceu uma vantagem competitiva tão grande que, se outras variações do código genético evoluíssem posteriormente, elas não seriam capazes de se espalhar.

Não é tão alienígena afinal

Claro, a vida na Terra não pode ser feita do zero novamente, mas os cientistas podem um dia encontrar vida em Marte, ou em luas com água líquida como Europa, ou em algum planeta distante parecido com a Terra.

Se Gould estivesse certo, a vida nesses outros mundos poderia ser tão estranha que os humanos talvez nem a reconhecessem se a encontrassem. Mas se Vermeij estiver correto, então essas formas de vida alienígenas podem ser familiares para nós porque seus desenvolvimentos foram moldados por leis físicas e evolutivas que se aplicam a todos os lugares do Universo.

“As formas de vida alienígenas parecerão diferentes, mas terão muitos das mesmas características básicas, níveis de desempenho e habilidades”, disse Vermeij.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.