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A explosão mais poderosa já vista no espaço era brilhante demais para ser medida com precisão

Traduzido por Julio Batista
Original de Chris Panella e Jessica Orwig para o Business Insider

Uma erupção de raios gama que atingiu recentemente nosso Sistema Solar foi tão brilhante que cegou temporariamente os instrumentos de raios gama no espaço, de acordo com um comunicado da NASA.

Os cientistas dizem que a erupção de raios gama, o tipo de explosão mais poderoso do Universo, foi 70 vezes mais brilhante do que qualquer evento registrado anteriormente.

Eles o apelidaram de “BOAT”, sigla para “brightest of all time” (“o mais brilhante de todos os tempos”, na tradução livre)

O que é uma erupção de raios gama?

Uma erupção de raios gama é basicamente a primeira respiração de um buraco negro em sua existência. E é espetacular.

Quando uma estrela supermassiva se aproxima do fim de sua vida – quando não está mais gerando combustível suficiente em seu núcleo para sustentar sua massa absoluta – ela colapsa sob seu próprio peso, formando um buraco negro.

Duas coisas acontecem durante esse processo: primeiro, o colapso gera uma explosão chamada supernova. Em segundo lugar, o buraco negro resultante nasce em uma enorme nuvem de gás e poeira residual, onde começa a engolir tudo rapidamente.

O que vem a seguir foi observado muitas vezes, mas ainda é um mistério científico sobre por que isso acontece: o buraco negro espele dois jatos poderosos de radiação gama de alta energia viajando perto da velocidade da luz, em direções opostas.

Esses disparos cósmicos duram apenas alguns segundos, mas são tão brilhantes que os astrônomos documentaram cerca de 12.000 erupções de raios gamas. E foi um desses jatos que atingiu nosso Sistema Solar no semestre passado.

A erupção de raios gama mais brilhante de todos os tempos

A Wide Field Camera 3 do Telescópio Espacial Hubble revelou o arrebol infravermelho (circulado) do BOAT e sua galáxia hospedeira, visto quase de lado como uma lasca de luz que se estende para o canto superior direito da explosão. (Créditos: NASA, ESA, CSA, STScI/A. Levan/Universidade Radboud/Gladys Kober)

A erupção, chamada de GRB 221009A, foi registrada em 9 de outubro de 2022. Como cegou os instrumentos espaciais, eles não puderam registrá-la com precisão, então os cientistas não tinham certeza de quão brilhante era a erupção quando atingiu nosso planeta.

Nos últimos meses, cientistas em todo o mundo – incluindo nos EUA, China e Rússia – culminaram em dados de outros instrumentos para medir e remedir o brilho da erupção de raios gama, determinando que ele era 70 vezes mais brilhante do que qualquer outro evento de erupção de raios gamas registrado na história.

A quantidade de radiação gama da GRB 221009A é significativamente maior do que qualquer outra erupção de raios gama registrada. Tradução da imagem: o BOAT em contexto (The Boat GRB in context), taxa de contagem [milhões de raios gama por segundo] (count rate [millions of gamma rays per second]), dados reconstruídos do Fermi (reconstructed Fermi data) e 7 minutos (7 minutes). (Créditos: Centro de Voos Espaciais Goddard da NASA/Adam Goldstein/USRA)

Os pesquisadores também examinaram a probabilidade de um evento como esse acontecer novamente e relataram que esse tipo de coisa ocorre apenas uma vez a cada 10.000 anos.

“GRB 221009A foi provavelmente a explosão mais brilhante nas energias de raios-X e raios gama desde o início da civilização humana”, disse Eric Burns, professor assistente de física e astronomia na Universidade Estadual da Louisiana em Baton Rouge, EUA, informou a NASA.

Curiosamente, os próprios jatos não eram os mais poderosos já registrados. O que tornou a erupção de raios gama tão brilhante foi o fato dos jatos serem estreitos e direcionados diretamente para a Terra. Então, tivemos uma visão completa dele – como um cervo nos faróis.

Outras erupções de raios gama não são direcionadas diretamente para a Terra, então não detectamos tanto de sua radiação e eles parecem mais escuros.

Os pesquisadores anunciaram recentemente suas descobertas na Divisão de Astrofísica de Alta Energia da Sociedade Astronômica Americana e publicaram os resultados no The Astrophysical Journal Letters.

Mas os astrônomos não terminaram. Eles estão esperançosos de que esta erupção de raios gama possa ajudar a resolver o mistério de por que os buracos negros disparam erupções de raios gama em primeiro lugar. Já existe uma teoria de que os jatos eram alimentados por um campo magnético que o buraco negro amplificou quando começou a girar. (Sim, os buracos negros podem girar.)

Observações adicionais através do Telescópio Espacial James Webb e do Telescópio Espacial Hubble estão planejadas para os próximos meses.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.