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A razão pela qual ainda não encontramos vida inteligente é porque estamos sendo extintos

Publicado no Futurism

O Paradoxo de Fermi

A Via Láctea sozinha abriga entre 100 e 400 bilhões de estrelas, e cada uma é potencialmente orbitada por planetas. Existem provavelmente pelo menos 2 trilhões de galáxias como a nossa no universo observável, cada uma habitada por trilhões de planetas orbitando centenas de bilhões de estrelas. Mesmo se planetas capazes de sustentarem a vida sejam extremamente raros, estes números por si só deveriam apontar para a vida inteligente em algum lugar no universo. Por exemplo, de acordo com o Business Insider, se apenas 0,1 por cento dos planetas em nossa galáxia fossem habitáveis,  isso significaria que haveriam cerca de um milhão de planetas com potencial para abrigar vida.

Estes números levaram o ganhador do Prêmio Nobel, o físico Enrico Fermi, a perguntar-se no que diz respeito a formas de vida alienígenas: “Onde eles estão?” Esta questão ficou conhecida como o Paradoxo de Fermi, e a maioria das respostas possíveis para isso seria preocupante para os seres humanos.

Particularmente preocupante é a hipótese do “Grande Filtro”, que postula que antes da vida inteligente ter a oportunidade de escapar dos limites do seu planeta original, ela atinge algum tipo de parede – o grande filtro. Há certos momentos de transição de uma perspectiva evolucionária que qualquer planeta como o nosso teria que dominar antes de se comunicar com outros mundos. Alguns acontecem nas primeiras fases da vida, e no nosso caso, podemos estar indo em direção ao filtro neste momento da nossa evolução.

Mudanças Climáticas: Nosso grande filtro?

As alterações climáticas, se permitirmos que elas continuem, acabarão por devastar grande parte da vida na Terra como a conhecemos. Foi o clima extraordinariamente estável dos últimos 12.000 anos que permitiu a civilização humana florescer, beneficiando a agricultura e, eventualmente, a industrialização (embora, ironicamente, também pode ser nossa ruína).

Recentes pesquisas apontam para várias características das espécies mais susceptíveis de sobreviver aos rigores de um planeta devastado pelas mudanças climáticas: dois dos mais importantes sendo um paladar indiscriminado e um ciclo reprodutivo rápido. Portanto, os seres humanos são basicamente o oposto dos tipos de criaturas consideradas sobreviventes principais.

Em outras palavras, embora as coisas não se desenrolem nas mesmas maneiras em planetas diferentes, é possível que existam certos obstáculos para a vida que outras civilizações não conseguiram vencer. David Wallace-Wells escreveu em New York Magazine: “Em um universo que tem muitos bilhões de anos, com sistemas estelares separados tanto pelo tempo quanto pelo espaço, civilizações pode emergir, desenvolver-se e simplesmente destruir-se demasiado rápido até poder encontrar com outra… A extinção em massa que estamos vivenciando agora apenas começou; muito mais mortes estão chegando”.

Outras possibilidades

Outros pensadores têm diferentes respostas para o paradoxo de Fermi, que são ainda mais deprimentes (ou pelo menos – dependendo da sua perspectiva). O neurocientista Anders Sandberg, da Universidade de Oxford, o membro do Observatório Astronômico de Belgrado, Milan Ćirković e o especialista em Inteligência Artificial (IA), Stuart Armstrong, têm sugerido que os extraterrestres não estão extintos, mas estão em estado de hibernação, esperando que o universo esfrie. O Professor Zaza Osmanov da Universidade Livre de Tbilisi acredita que nossa busca por sinais de megaestruturas alienígenas ainda tem de ser recompensada porque nós estamos observando em torno de estrelas quando deveríamos estar observando ao redor pulsares.

E o físico Brian Cox sugere ainda outra possibilidade; um conto preventivo para nossa própria civilização, bem como quaisquer outras: “Pode ser que o crescimento da ciência e engenharia inevitavelmente ultrapasse o desenvolvimento da competência política, levando ao desastre”, diz Cox. “Se a vida inteligente involuntariamente tornar-se extinta o mais rapidamente à medida que avança suficientemente”, o físico acredita, “poderíamos estar se aproximando desse destino”.

Felipe Sérvulo

Felipe Sérvulo

Graduado em Física pela UEPB. Mestre em física com ênfase em Cosmologia pela UFCG. Possui experiência na área de divulgação científica com ênfase em astronomia, astrofísica, etnoastronomia, astrobiologia, cosmologia, biologia evolutiva e história da ciência. Possui experiência na área de docência informática, física, química e matemática, com ênfase em desenvolvimento de websites e design gráfico. Artista plástico. Fundador do Projeto Mistérios do Universo, colaborador, editor, tradutor e colaborador da Sociedade Científica e do Universo Racionalista. Membro da Associação Paraibana de Astronomia. Pai, nerd, geek, colecionador, aficionado pela arte, pela astronomia e pelo Universo. Curriculum Lattes: http://lattes.cnpq.br/8938378819014229