Segundo Rafaela Compostrini Forzza, botânica, pesquisadora e coordenadora da Lista de Espécies de Flora do Brasil, o país registra 334 novas espécies de flora todos os anos. Até então, 46.097 espécies de plantas, fungos e algas são conhecidos, mas, pelo menos nem metade corresponde a espécies residentes na Amazônia. A Amazônia brasileira corresponde a cerca de 50% do território nacional e representa um grande polo de pesquisas farmacêuticas e de biotecnologia, polo este que não é dominado pelos pesquisadores.
Rafaela fala sobre a Lista de Espécies da Flora do Brasil, que foi publicada a primeira vez em 2010: “A atualização é constante, diária porque, como é online, os cientistas entram e atualizam os dados e, automaticamente, disponibilizam para o público”. As atualizações são feitas por um time de 600 pesquisadores brasileiros e estrangeiros que fazem diversos trabalhos de atualização que vão desde novas espécies até a troca de nomes de espécies por exemplo.
Sobre o conhecimento da fauna amazônica, Rafaela comenta que é necessário um “projeto de nação” e que o desafio é árduo e imenso. “A floresta é muito mal conhecida historicamente e a gente não vence esse problema. Esse balanço de conhecimento em relação aos outros biomas é muito evidente. A gente tem que acreditar que a Amazônia ainda é um buraco de conhecimento. Ainda está no século 19 de conhecimento, enquanto o resto do país já avançou muito [em termos de catalogação e conhecimento de espécies de flora]”, comenta a pesquisadora.
O Tamanho da floresta, as dificuldades de acesso e logística e a falta de interesse governamental dificultam ainda mais esse trabalho na floresta amazônica. “Não é meia dúzia de cientistas que vai conseguir vencer isso. É preciso um projeto de governo, de país, para conseguir melhorar esse conhecimento”.
O projeto
A lista, um projeto do Flora Brasil Online (acesse FBO 2020) e que integra o World Flora Online (acesse WFO), é uma publicação virtual que visa reunir informações sobre todas as plantas conhecidas em todo o mundo até 2020. A lista serve para consulta de pesquisadores que precisam publicar livros, artigos ou atualizar trabalhos sobre tema. O Jardim Botânico do Rio de Janeiro encabeçou o projeto e convocou pesquisadores especialistas em várias famílias de plantas. “Na verdade, é um grande trabalho em equipe. Jamais uma instituição sozinha conseguiria fazer isso”, comenta Rafaela.
A presidente do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Samyra Crespo, comenta sobre um processo importante: o repatriamento de plantas levadas do Brasil durante os séculos 18 e 19: “E elas [plantas] vem em forma virtual, em 3D, imagens de alta resolução, que podem ser consultadas por qualquer pesquisador, em qualquer lugar do mundo, inclusive no Brasil”.
Fonte: Site do Fundação de Amparo a Pesquisa do Amazonas (FAPEAM)