Traduzido por Julio Batista
Original de David Nield para o ScienceAlert
Há um problema para os pesquisadores que tentam identificar o tamanho dos antigos peixes blindados do final do período Devoniano (aproximadamente 382-358 milhões de anos atrás): apenas as partes blindadas ao redor de suas cabeças foram preservadas em fósseis.
Em outras palavras, tentamos julgar o tamanho de espécies como as do gênero Dunkleosteus de grandes criaturas subaquáticas com base no tamanho de suas bocas e mandíbulas. O resto do corpo, feito de cartilagem, não sobreviveu ao longo dos milênios.
Uma nova análise de dados de estudos anteriores sugere que as dimensões desses peixes pré-históricos não podem ser julgadas com base no tamanho dos tubarões modernos, que é um dos métodos usados para tentar preencher as lacunas do conhecimento científico.
“Estimativas de comprimento de 5 a 10 metros foram citadas para Dunkleosteus por anos”, disse o estudante de pós-graduação em paleontologia Russell Engelman, da Universidade Case da Reserva Occidental, em Ohio, EUA. “Mas ninguém parece ter verificado esses métodos estatisticamente ou testado se eles produzem resultados confiáveis ou razoáveis em artrodiros.”
Olhando novamente para os dados de quatro fósseis de Dunkleosteus e centenas de espécies de peixes vivos, particularmente em termos da relação entre as medidas internas e externas da boca e o tamanho geral, Engelman descobriu que as estimativas anteriores provavelmente estavam longe da realidade.
Se o peixe pré-histórico fosse tão grande quanto se pensava, teria um corpo incomumente alongado em comparação com a cabeça – com proporções ainda maiores do que as enguias modernas, por exemplo. Além do mais, o tamanho calculado das brânquias provavelmente seria muito pequeno para o peixe respirar corretamente.
É mais provável que a espécie Dunkleosteus realmente tivesse corpos mais curtos em comparação com suas boconas, sugere a nova pesquisa, com proporções entre o tamanho da cabeça e o tamanho do corpo que não correspondem ao que vemos nos tubarões de hoje.
“Dunkleosteus muitas vezes tem sido considerado como um grande tubarão branco, mas à medida que aprendemos mais sobre esse peixe, pode ser mais preciso descrevê-lo como uma mistura de tubarão, garoupa, peixe-víbora, atum e piraíba”, disse Engelman.
Olhando para peixes antigos menores para os quais temos fósseis, a biologia de um peixe do tamanho de Dunkleosteus e as diferenças que conhecemos entre espécies modernas e pré-históricas, estimativas anteriores em termos de comprimento total podem precisar ser reduzidas pela metade, concluiu Engelman.
Em uma segunda análise, colocando à prova seu próprio método recém-criado para estimar o tamanho do corpo, Engelman sugere que o maior Dunkleosteus cresceu até apenas cerca de 4 metros de comprimento.
Compreender o tamanho dessas feras subaquáticas é crucial para entender como era a vida há milhões de anos; o tamanho de um peixe afeta tudo, desde seu habitat até sua evolução e os outros peixes dos quais ele se alimenta.
“O tamanho da boca é provavelmente o maior fator para determinar a maior presa que um peixe pode comer”, disse Engelman, que estima que um Dunkleosteus adulto poderia ter mordido 22,9 quilos de carne em uma única mastigação.
“Os resultados deste estudo sugerem que os artrodiros estavam se alimentando de seres muito acima de sua classe de peso.”
A pesquisa foi publicada na PeerJ Life & Envrionment.