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Antigo predador jurássico emergiu de ancestral ‘fantasma’, segundo cientistas

Traduzido por Julio Batista
Original de Carly Cassella para o ScienceAlert

No início do Jurássico, antes do evento de extinção em massa que provocou a morte da maioria dos dinossauros, os ancestrais dos crocodilos tinham um monte de parentes vivendo no mar.

Pesquisadores encontraram os fósseis mais antigos desses antigos predadores marinhos no Reino Unido e no Marrocos. Eles dizem que os restos sugerem um ancestral ‘fantasma’ que nunca foi encontrado em forma de fóssil.

Antigos ‘crocodilos marinhos’ são conhecidos cientificamente como thalattosuchianos, dos quais numerosas espécies diferentes já existiram. Embora alguns thalattosuchianos tenham crescido até 10 metros, a criatura recém-descoberta media cerca de 2 metros e possuía membros curtos e uma cauda longa e forte.

Seus focinhos longos e finos lembram os crocodilos modernos, com músculos da mandíbula maiores que provavelmente lhes permitiram agarrar peixes, polvos ou lulas com velocidade e força impressionantes.

Apesar de sua aparência externa, esses predadores marinhos que não estão mais entre nós há muito tempo não são tecnicamente parte da ordem Crocodylia. Na verdade, os cientistas realmente não sabem onde colocar os thalattosuchianos na árvore da vida. Eles podem ser um grupo irmão dos crocodilos, ou um antigo clado que se ramificou há muito tempo.

Um dos esqueletos mais completos de um talattosuchiano foi recentemente desenterrado no Reino Unido. É também o exemplar mais antigo já encontrado, datado de cerca de 185 milhões de anos.

A espécie foi batizada de Turnersuchus hingleyae, e os pesquisadores suspeitam que seus parentes estejam esperando para serem descobertos.

Com base na morfologia do fóssil em comparação com outros antigos crocodilianos e thalattosuchianos, os especialistas acreditam que os ancestrais dos thalattosuchianos surgiram há cerca de 200 milhões de anos, no final da Era Triássica. É mais ou menos na mesma época em que se acredita que os antigos crocodilianos apareceram.

Até o momento, não foram encontrados fósseis de crocodilos marinhos que datam dessa época, mas isso não significa que eles não existam.

“Espero que continuemos a encontrar mais thalattosuchianos mais velhos e seus parentes”, disse o paleontólogo vertebrado Eric Wilberg, da Universidade Stony Brook, em Nova York, EUA.

“Nossas análises sugerem que os thalattosuchianos provavelmente apareceram pela primeira vez no Triássico e sobreviveram à extinção em massa do final do Triássico”.

Representação artística de T. hingleyae. (Créditos: Júlia d’Oliveira)

O outro fóssil talattosuchiano encontrado recentemente no Marrocos também sustenta esse período.

Não está tão bem preservado quanto o do Reino Unido, o que significa que não pode ser colocado em um gênero específico. Dito isto, é um dos únicos exemplos de um ancestral de crocodilo marinho recuperado fora da Europa, o que sugere que esses predadores foram “amplamente distribuídos logo no início do Jurássico“.

O registro fóssil faz parecer que os crocodilos marinhos simplesmente apareceram no início do Jurássico do nada, ricos em diversidade e espalhados por várias regiões, como Europa, China, Argentina e Madagascar. Mas o que aconteceu, na realidade, é provavelmente muito mais complexo do que isso.

Os paleontólogos precisam encontrar essa linhagem fantasma mais antiga para descobrir de onde essas criaturas vieram. Então vamos a caça.

O fóssil encontrado no Reino Unido foi publicado no Journal of Vertebrate Paleontology.

O fóssil encontrado no Marrocos foi publicado no Journal of African Earth Sciences.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.