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Arqueólogos encontraram uma sepultura verdadeiramente bizarra em um cemitério medieval isolado

Por Peter Dockrill
Publicado na ScienceAlert

Uma escavação arqueológica de três semanas no Canal da Mancha deu uma guinada bizarra e inexplicável, depois que os pesquisadores encontraram por acaso uma sepultura cuidadosamente preparada escondida no solo – cujo conteúdo definitivamente não era humano.

A descoberta, feita na pequena ilha de Chapelle Dom Hue, na costa de Guernsey, em setembro de 2017, revelou os vestígios antigos de uma toninha medieval enterrada na terra, e os arqueólogos não conseguiram explicar a história por trás dessa misteriosa tumba animal.

“É muito peculiar, não sei como prosseguir com isso”, disse o arqueólogo Philip de Jersey, da Universidade de Oxford, no Reino Unido, ao The Guardian na época. “Por que se dar ao trabalho de enterrar uma toninha no que parece uma sepultura?”

O mistério é ainda maior devido à forma como o animal foi enterrado, o que não sugere que a toninha morta foi simplesmente jogada no subsolo.

Em vez disso, parece que foi sepultada, com o corpo alinhado de leste a oeste de acordo com a tradição cristã, e a escavação cuidadosa da própria sepultura sugere que foi planejado como um local de descanso solene.

Por essa razão, de Jersey esperava encontrar os restos mortais de um monge medieval na tumba, já que a ilha foi considerada um retiro religioso para monges em busca de refúgio.

Mas depois de notar mudanças no solo, que indicavam a provável existência de uma sepultura embaixo, os pesquisadores descobriram o crânio de uma jovem toninha, que eles acham que foi sepultado ao lado dos túmulos de outros monges desde algum tempo no século 14.

É possível que a toninha tivesse sido morta para alimentação, já que esses mamíferos eram comidos na época medieval.

Mas, se for esse o caso, os pesquisadores dizem que faria muito mais sentido as pessoas despejarem os restos mortais no mar – localizado a apenas 10 metros do local, e a pequena ilha é cercada por água em todos os lados.

Créditos: Guernsey Archaeology / YouTube.

“Se estivéssemos em uma igreja e encontrássemos algo assim, com base na forma, pensaríamos que era algo sepultado”, disse de Jersey à Guernsey Press.

“Isso é o que me intriga. Se eles o tivessem comido ou matado para a gordura, por que se dar ao trabalho de sepultá-lo?”

Uma possibilidade é que o animal pode ter sido morto para alimentação e armazenado cuidadosamente até o momento necessário, mas os restos preservados nunca foram usados, pensa De Jersey.

“Pode ter sido embalado com sal e então, por algum motivo, eles não voltaram para buscar”, disse ele ao The Guardian.

Após a descoberta, os ossos da toninha foram removidos de seu local de descanso e entregues para serem estudados por um especialista em marinha.

De sua parte, de Jersey disse que é a descoberta mais estranha em seus 35 anos de carreira como cientista e um verdadeiro enigma para a eternidade.

“O golfinho tem um grande significado no cristianismo, mas nunca havia encontrado nada parecido com isso antes”, disse ele. “É o tipo de coisa meio maluca que você pode ter na Idade do Ferro, mas não nos tempos medievais”.

Em um comentário no final de 2018, de Jersey disse à BBC que agora acreditava que era mais provável que o animal realmente tivesse sido armazenado para fins alimentares, mas que provavelmente nunca chegaríamos a uma resposta definitiva, já que tão pouco sobrou da Chapelle Dom Hue.

“Suspeito que não descobriremos”, disse ele.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.