Pular para o conteúdo

Arqueólogos redescobrem um antigo afresco peruano que não havia sido visto por 106 anos

Traduzido por Julio Batista
Original de Luis Jaime Cisneros (AFP) para o ScienceAlert

Arqueólogos redescobriram um afresco pré-hispânico retratando cenas mitológicas no norte do Peru que eles só haviam visto em fotografias em preto e branco com mais de um século.

“É uma descoberta excepcional, antes de tudo, porque é raro decobrir pinturas murais de tal qualidade na arqueologia pré-colombiana”, disse Sam Ghavami, arqueólogo suíço que liderou as escavações que descobriram o mural em outubro.

Ghavami passou quatro anos procurando a pintura rupestre, que ele acredita ter cerca de mil anos, com uma equipe de estudantes peruanos.

“A composição desta pintura é única na história da arte mural no Peru pré-hispânico”, acrescentou o arqueólogo, formado pela Universidade de Friburgo, na Suíça.

O afresco faz parte do templo de Huaca Pintada, que pertenceu à civilização Moche que floresceu entre os séculos I e VIII e venerava a Lua, a chuva, as iguanas e as aranhas.

O mural descoberto tem cerca de 30 metros de comprimento e suas imagens em tinta azul, marrom, vermelha, branca e amarelo mostarda permanecem excepcionalmente bem preservadas.

Em uma seção, uma procissão de guerreiros pode ser vista indo em direção a uma divindade semelhante a um pássaro.

As imagens pintadas “parecem ser inspiradas pela ideia de uma hierarquia sagrada construída em torno de um culto aos ancestrais e seus vínculos íntimos com as forças da natureza”, disse Ghavami.

Ele disse à AFP que decifrar a mensagem do mural faria parte de sua pesquisa, mas acredita que “poderia ser interpretado como uma imagem metafórica da ordem política e religiosa dos antigos habitantes da região”.

A descoberta também é incomum porque mostra uma mistura de estilos e elementos de duas culturas pré-incas: a moche e a lambayeque, que viveram na costa norte do Peru entre 900 e 1350 d.C.

Esquecido pelos cientistas

A existência do mural só era conhecida por meio de fotos em preto e branco tiradas em 1916 pelo etnólogo alemão Hans Heinrich Bruning, que viveu muitos anos no Peru.

No entanto, caçadores de tesouros destruíram uma parede enquanto tentavam saquear o local e “foi esquecido pela comunidade científica”, disse Ghavami.

Além disso, ninguém sabia sobre as fotos que Bruning havia tirado até serem encontradas em 1978.

“Desde então, os arqueólogos souberam de Huaca Pintada, mas ninguém veio escavar o sítio arqueológico porque pensaram que não encontrariam nada ali”.

Com o passar dos anos, a folhagem espessa tomou conta do lugar. O afresco despertou o interesse de Ghavami enquanto ele trabalhava em sua tese de doutorado sobre transições culturais, como aquela entre as civilizações Moche e Lambayeque.

No entanto, primeiro, ele travou uma longa batalha para obter a permissão da família proprietária do terreno onde o mural foi encontrado.

“Demorei dois anos para eles me deixarem cavar e tive que tentar várias maneiras de resolver a situação com o apoio de um xamã que trabalha com o espírito do santuário”, disse Ghavami.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.