Por Alfredo Carpineti
Publicado na I Fucking Love Science
Agora é oficial, o motor sem propelente conhecido como EmDrive parece realmente funcionar. Há alguns meses atrás, foi anunciado que um artigo revisado por pares sobre o EmDrive foi aceito para publicação no Journal of Propulsion and Power, e agora está disponível para qualquer pessoa ler na Internet.
O artigo é de autoria de Harold White e de seis outros engenheiros e cientistas do Laboratório Eagleworks, da NASA. Ele mostra que o EmDrive produz 1,2 milinewtons por quilowatt de potência fornecida.
“Os dados do impulso de frente, reverso e nulo sugerem que o sistema está funcionando consistentemente com uma relação de impulso para a potência de 1,2 ± 0,1 millinewtons por quilowatt”, escreveu a equipe no resumo do documento.
No artigo, a equipe detalhou como eles cuidadosamente tentaram explicar muitas fontes potenciais de erro, e eles mostraram que o EmDrive realmente funciona.
“A campanha de teste incluiu um ‘teste nulo de empuxo’ que serviu para identificar qualquer fonte terreste de empuxo impulsivo, no entanto, nenhum foi identificado”, acrescentaram.
O valor de impulso pode parecer pequeno no início, mesmo comparado a espaçonaves de baixo impulso como a Dawn da NASA, que tem uma relação de impulso com potência de cerca de 60 millinewtons por quilowatt. No entanto, o EmDrive tem uma vantagem: Ele não requer um propelente.
E essa é a propriedade controversa do EmDrive. Parece estar produzindo uma reação sem a necessidade de uma ação, violando a terceira lei da dinâmica de Newton. O motor é um recipiente de cobre cônico que gera impulso quando cheio com microondas.
Ainda não está claro de onde a propulsão vem, embora os pesquisadores acreditem que a força seja a reação mensurável aos fótons de microondas oscilantes em um campo de vácuo quântico.
Sua explicação requer uma interpretação incomum e mal aceita da mecânica quântica, conhecida como a interpretação realista. Esta visão afirma que as medidas probabilísticas que obtemos da mecânica quântica é devido à combinação de uma partícula real que tem um caminho perfeitamente determinado, velocidade e uma “onda piloto” que gera as probabilidades que observamos.
Essas ideias têm sido discutidas desde o início da Mecânica Quântica, e até mesmo Einstein afirmou que deve haver algumas “variáveis ocultas” dentro da mecânica quântica. A teoria das variáveis ocultas mostrou-se menos provável do que uma chance em 170 milhões.
Outro artigo, publicado em junho, sugere que a causa do impulso tem a ver com a forma da cavidade e energia dos fótons. Os pesquisadores, que não são afiliados à equipe do EmDrive, sugerem que os fótons interagem com eles mesmos de uma maneira destrutiva e que a estrutura cônica cria um desequilíbrio de fótons em um lado, produzindo, assim, o impulso.
Mais experiências serão necessárias para confirmar as descobertas, mas isso poderia revolucionar a viagem espacial interplanetária.