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Assim como os humanos, chimpanzés se concentram em amizades genuínas na velhice

Por Issam Ahmed
Publicado na ScienceAlert

Quando se trata de amizades, as pessoas são conhecidas por se tornarem mais seletivas com a idade.

Acontece que isso também é verdadeiro para os chimpanzés machos. Eles têm menos amigos, mas mais genuínos para fazer macaquice por aí à medida que envelhecem, de acordo com um estudo publicado na revista Science em 22 de outubro.

A pesquisa, que foi liderada pela psicóloga animal Alexandra Rosati da Universidade de Michigan (EUA), foi considerada a primeira evidência de que os animais exibem seletividade social relacionada à idade e poderia nos ajudar a entender mais sobre o porquê os humanos se comportam dessa maneira.

Os autores se basearam em um enorme conjunto de dados de 78.000 horas de observações realizadas no Parque Nacional da Floresta de Kibale, em Uganda, entre 1995 e 2016.

Eles relataram as interações sociais entre 21 chimpanzés machos selvagens (Pan troglodytes) com idades entre 15 e 58 anos.

Os machos foram escolhidos porque permanecem nas mesmas comunidades em que nascem, enquanto a maioria das fêmeas se dispersa para novos grupos quando se tornam sexualmente maduras.

Além de serem nossos parentes animais mais próximos, os chimpanzés são uma espécie ideal para traçar comparações com humanos porque eles vivem uma vida longa – às vezes, até os 60 anos – e têm um amplo grau de escolha de com quem fazer amizade.

Amigos do sexo masculino cuidam uns dos outros, caçam e compartilham carne juntos, patrulham coletivamente os limites de seus territórios e formam alianças para obter e manter uma alta posição em seus grupos, o que, por sua vez, leva a um maior sucesso reprodutivo individual.

Para estudar suas afinidades entre si, a equipe desenvolveu um “índice de associação” que se baseava na frequência com que um macho dentro de uma grupo ficava muito próximo (menos de 5 metros) de outro, em relação ao quanto eles se associavam com todos os membros do grupo.

A equipe produziu três categorias: amigos mútuos, em que ambos mostraram preferência por se sentar um com o outro; amigos unilaterais, onde apenas uma das partes mostrou preferência, mas a outra não; e não-amigos, onde nenhum dos dois preferiu um ao outro.

De acordo com as descobertas, os macho mais velhos tinham amizades significativamente mais genuínas do que os mais jovens, cujas tentativas de “bromance” eram mais frequentemente desequilibradas.

Por exemplo, um macho de 40 anos teve em média três vezes mais amizades genuínas e um terço mais amizades assimétricas do que um jovem de 15 anos.

Maturidade emocional

Também descobriram que os machos com mais de 35 anos também cuidavam seletivamente de seus amigos genuínos, enquanto os chimpanzés tinham um comportamento menos agressivo com os outros em seu grupo – como bater, morder, perseguir ou fazer demonstrações hostis – conforme ficavam mais velhos.

Por fim, embora os chimpanzés mais velhos passassem mais tempo sozinhos do que os mais jovens, quando optavam por se misturar, era com parceiros sociais importantes.

Escrevendo em um editorial relacionado, Joan Silk, da Universidade do Estado do Arizona (EUA), em Tempe, disse que o paper forneceu “evidências convincentes de que os chimpanzés machos se comportam de maneira muito semelhante aos humanos à medida que envelhecemos, e esse padrão pode existir em outros primatas também”.

Foi teorizado que, à medida que as pessoas envelhecem, elas se concentram em seus amigos mais antigos e importantes, em vez de procurar por novos, devido ao seu senso de mortalidade.

Mas como os chimpanzés provavelmente não são capazes de tal perspectiva, Rosati e seus colegas sugeriram que outros fatores podem estar em jogo, como uma redução na reatividade emocional.

Amizades fortes também podem ajudar chimpanzés idosos a continuarem a prosperar, apesar do declínio em sua saúde e status social, acrescentaram.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.