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Asteroide aquoso que orbitou estrela distante aumenta chances de vida fora do Sistema Solar

Publicado na Nature

Os restos de um asteroide rico em água foram descobertos orbitando uma estrela morta a 50 parsecs (150 anos luz) da Terra. O achado sugere que do nascimento a morte, uma ampla gama de estrelas pode abrigar materiais rochosos ricos em água, ingredientes chaves para a formação de um planeta habitável.

Jay Farihi da Universidade de Cambridge, Reino Unido, e seus colegas têm estudado por vários anos sinais de planetas rochosos e suas composições químicas ao redor de anãs brancas, restos de estrelas com uma ou oito vezes a massa do Sol densamente compactadas num volume menor que a Terra. Anãs brancas são laboratórios naturais para se estudar a composição de exoplanetas (planetas fora do Sistema Solar), uma vez que a forte atração gravitacional delas atraem asteroides próximos e planetas menores e os puxam para seus detritos, observa Farihi. Os restos são relativamente fáceis de serem detectados porque eles poluem a atmosfera primitiva da anã branca de hidrogênio e hélio com elementos pesados.

A equipe se focou na anã branca GD 61, o núcleo compacto de uma estrela cerca de três vezes mais pesada que o Sol. Observações prévias têm revelado um disco de detritos rochosos orbitando a GD  61 e uma abundância de oxigênio em sua atmosfera, um indício de que há água presente.

Contagem de Oxigênio

Usando um espectrômetro ultravioleta a bordo  do Telescópio Espacial Hubble, a equipe conseguiu um inventário preciso do teor de oxigênio. Usando a abundância de outros elementos medida pelo Observatório Keck no topo do monte Mauna Kea, no Havaí, a equipe determinou quanto oxigênio deveria estar presente. A abundância atual de oxigênio revelada pelo Hubble foi muito maior, indicando que o oxigênio atual foi transportado ou pela água ou por materiais carbonosos.

A anã branca, no entanto, contém uma pequena quantidade de carbono, deixando a água como a única fonte possível da abundância de oxigênio, diz Farihi. A equipe calculou que se o disco de detritos em torno da GD 61 são remanescentes de um único objeto, então ele provavelmente era do tamanho do asteroide Vesta do Sistema Solar, que possui um diâmetro de 500 quilômetros, e possuía água abundante (correspondente a 26% da massa). Farihi e sua equipe reportou seus resultados na Science.

“Esse é o primeiro caso convincente” estudado de um objeto pulverizado por uma anã branca que era tanto rochoso quanto rico em água, diz o astrônomo Ben Zuckerman da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, que não estava envolvido no estudo.

Destruição Recente

O asteroide mencionado deve ter ser desintegrado há relativamente pouco tempo, porque os discos de detritos ao redor da anã branca possuem apenas cerca de um milhão de anos e o material poluindo sua atmosfera caíram em seu núcleo à cerca de 20 mil anos ou menos, diz Farihi.

A atração gravitacional de um exoplaneta imperceptível é a explicação mais provável do motivo pelo qual o asteroide rico em água tenha se aproximado demais do anã branca, diz ele. O sucessor do Hubble, o James Webb Space Telescope, definido para ser lançado em 2018, pode ser capaz de visualizar o planeta culpado.

As observações sugerem que se planetas orbitassem a GD 61, “então haveria uma maneira de fornecer água para eles”, diz John Debes do Space Telescope Science Institute, em Baltimore, Maryland.

Alberto Albuquerque

Alberto Albuquerque

Sou graduando em física pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Cursei 2 anos de Engenharia Mecânica pela mesma instituição. Sou cético, agnóstico e entusiasta em física.