Traduzido por Julio Batista
Original de Carly Cassella para o ScienceAlert
Astrônomos acham que descobriram um minúsculo buraco negro, com uma massa tão pequena que o coloca em uma categoria exclusiva. O melhor de tudo é que está muito perto.
A cerca de 1.500 anos-luz de nosso próprio planeta, em uma constelação da Via Láctea conhecida como Monoceros, este é o candidato a buraco negro mais próximo de nós que os cientistas tiveram a sorte de encontrar.
A equipe da Universidade do Estado de Ohio (EUA) o chamou de Unicórnio – o mesmo nome do lar do buraco negro e que combina com sua natureza extremamente rara.
“Quando olhamos os dados, este buraco negro – o Unicórnio – simplesmente apareceu”, disse o astrônomo Tharindu Jayasinghe.
Então, como não vimos ele antes? Acontece que estávamos com nossas vendas astronômicas.
De minúsculos primordiais a gigantes supermassivos alimentando o coração das galáxias, a teoria prevê que os buracos negros podem existir em uma variedade de massas. No entanto, quando se trata de buracos negros formados pelo colapso de núcleos de estrelas mortas, os astrônomos encontraram algumas ‘lacunas de massa’ ao longo dos anos.
Se uma estrela colapsa para cerca de menos de 2,3 vezes a massa do nosso Sol, ela acaba se tornando uma estrela de nêutrons, não um buraco negro. E, até recentemente, não tínhamos encontrado nenhum buraco negro estelar menor que 5 massas solares – o que nos deixa com a lacuna de massa.
Antes de encontrarmos qualquer objeto naquela lacuna, sua existência era tão duvidosa que, quando os astrônomos notaram uma estrela gigante vermelha próxima sendo puxada por algo, eles inicialmente descartaram a possibilidade de que fosse um minúsculo companheiro invisível.
Mas Jayasinghe olhou para isso de uma maneira diferente. Como estudante de pós-graduação, seu supervisor havia lhe falado sobre a possível existência de buracos negros extremamente pequenos e ele queria investigar.
Analisando dados de vários sistemas de telescópios e satélites, ele localizou uma gigante vermelha na constelação de Monoceros, que estava em seus últimos estágios de vida.
A velocidade da estrela e a maneira como estava sendo puxada pela gravidade sugeriam que havia um minúsculo buraco negro orbitando-a. O tamanho deste companheiro obscuro e silencioso foi calculado em cerca de 3 massas solares.
“Assim como a gravidade da Lua distorce os oceanos da Terra, fazendo com que os mares se projetem em direção e para longe da Lua, produzindo marés altas, o buraco negro distorce a estrela em um formato de uma bola de futebol americano com um eixo mais longo que o outro,” explicou o astrônomo Todd Thompson, que ajudou a encontrar outros buracos negros pequenos no passado.
“A explicação mais simples é que é um buraco negro – e, neste caso, a explicação mais simples é a mais provável.”
Por décadas, não ficou claro se algo existia na lacuna de massa entre duas formas de estrelas mortas.
O Unicórnio agora se junta a vários outros pequenos buracos negros para ajudar a resolver esse mistério. Os resultados ainda não foram verificados oficialmente, mas, por enquanto, parece um forte candidato para mais um buraco negro bem no meio da lacuna de massa.
“Acho que o campo está avançando nessa direção, para de fato mapearmos quantos buracos negros de massa baixa, quantos de massa intermediária e quantos buracos negros supermassivos existem”, disse Thompson, “porque toda vez que você encontrar um, você uma pista sobre quais estrelas entram em colapso, quais explodem e quais estão nesse meio-termo.”
Quem sabe quantos buracos negros minúsculos ainda existem para nós encontrarmos. Prontos ou não, os astrônomos estão a caminho.
Os resultados foram aceitos para publicação nos Monthly Notices of the Royal Astronomical Society e a pré-publicação pode ser encontrada aqui.