Traduzido por Julio Batista
Original de Michelle Roberts para a BBC News
Dar aulas de mindfulness aos adolescentes na escola para aumentar o bem-estar é em grande parte uma perda de tempo, descobriu um grande estudo do Reino Unido.
A técnica, que incentiva as pessoas a meditar e viver o momento, não era melhor do que as escolas já estavam fazendo para a saúde mental.
Muitos alunos não estavam tão interessados em usar o método, chamando-o de “chato”.
Centenas de professores e milhares de alunos de 85 escolas secundárias diferentes participaram da experiência.
Os pesquisadores dizem que os resultados, publicados em uma revista chamada Evidence Based Mental Health, são decepcionantes, mas úteis.
Isso sugere que, embora o mindfulness ainda possa ajudar alguns alunos, oferecê-la universalmente nas escolas é algo fadado ao fracasso.
Outras intervenções que podem ajudar, como combater a privação e dar apoio mais direcionado à saúde mental, devem ser exploradas, eles recomendam.
O que é mindfulness?
É uma abordagem que visa ajudar as pessoas a se concentrarem no que realmente está acontecendo, em vez de se preocuparem com o que aconteceu ou o que pode acontecer.
Defensores dizem que isso pode ajudar as pessoas a aproveitar mais a vida e a se entenderem melhor, em vez de ficarem presas em pensamentos negativos e prejudiciais.
Os alunos da escola receberam um curso de aulas de mindfulness durante um período escolar. Eles também foram convidados a continuar a técnica em casa – mas muito poucos fizeram isso.
O co-pesquisador Prof Mark Williams, da Universidade de Oxford, disse que, em média, os alunos praticaram mindfulness apenas uma vez ao longo do curso de 10 semanas.
“É como ir à academia uma vez e esperar que você fique em forma”, disse ele. “Mas por que eles não praticaram? Muitos deles acharam chato.”
Muitos dos professores, enquanto isso, disseram que acharam o treinamento de mindfulness útil para seu próprio bem-estar.
Dan O’Hare, da Sociedade Britânica de Psicologia, disse:
“É importante não ver as sessões de mindfulness como uma panaceia e como um produto ‘de prateleira’ que pode apenas ajudar os adolescentes e seus professores a se tornarem ‘mais resilientes’, sem valorizar todos os outros fatores influentes, como o ambiente escolar.
“Também não podemos ignorar o fato de que adolescentes e professores passaram por dois anos incrivelmente difíceis e, dadas as circunstâncias em que estamos vivendo e os estressores que isso traz, talvez não seja completamente surpreendente que os estudos de coorte não veja uma grande elevação em seu bem-estar.”
Julieta Galante, da Universidade de Cambridge, disse que a pesquisa mostrou a importância de reunir evidências para descobrir se uma intervenção realmente funciona:
“O programa baseado em mindfulness testado neste estudo foi considerado eficaz com base em alguns pequenos estudos, e já havia começado a ser implementado em algumas escolas. Mas precisamos ter muita certeza do benefício antes de lançar qualquer intervenção universal de saúde.”
A professora Stella Chan, especialista da Universidade de Reading, disse:
“As descobertas não descartam completamente o potencial da terapia baseada em mindfulness para jovens; como em qualquer terapia, funciona para algumas pessoas, mas não para todas. As questões importantes são quem pode se beneficiar dele, quando e como.”