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Cálculos matemáticos aplicados no ritmo do coração fornecem informações importantes sobre o estado de saúde na leucemia

A leucemia é uma doença hematológica progressiva e maligna que se origina na medula óssea, onde as células sanguíneas são produzidas. Essa patologia é caracterizada por danos nas células de proteção do corpo, os glóbulos brancos, que são essenciais para o sistema imunológico. Dentro desse contexto, existe um nervo (nervo vago) que regula o funcionamento do ritmo cardíaco e tem envolvimento no sistema imunológico.

Nesse sentido, o ritmo do coração analisado pela aplicação de cálculos matemáticos sobre os batimentos cardíacos por meio da variabilidade da frequência cardíaca (VFC) foi tema de estudo do Centro de Estudos do Sistema Nervoso Autônomo, grupo de pesquisa vinculado à UNESP de Marília cadastrado no CNPq. O grupo de pesquisa publicou um artigo de revisão sistemático para analisar a relevância do estudo do ritmo do coração para fornecer informações acerca do estado de saúde em crianças com leucemia.

A pesquisa foi publicada na revista Supportive Care in Cancer (fator de impacto: 2.7), teve colaboração da Oxford Brookes University, Inglaterra, e recebeu apoio financeiro do CNPq.

Dentre os resultados, a revisão concluiu que: 1) indivíduos em tratamento para leucemia apresentam redução da VFC, sugerindo prejuízo do nervo vago; 2) pacientes com leucemia que foram submetidos a tratamento e sobreviveram apresentaram redução na VFC com recuperação subsequente e; 3) o ritmo do coração calculado por meio de cálculos matemáticos conseguiu fornecer informações relevantes do estado de saúde dos pacientes.

Além disso, foi notificado comprometimento da VFC em indivíduos com leucemia que evoluíram para neuropatia secundária à quimioterapia, acompanhada de disfunção cardíaca.

Desta maneira, a avaliação do ritmo do coração por meio de cálculos matemáticos pode ser aplicada para avaliar a disfunção na saúde dos pacientes e direcionar o tratamento com o objetivo de evitar pioras na saúde e na qualidade de vida e reduzir as chances de óbito. Essa pesquisa destaca a relevância desse método como um indicador de fator de risco para avaliar e identificar prejuízos à saúde. Além disso, é um método de custo muito baixo, apresentando grandes vantagens para gastos públicos com a saúde. É enfatizado a VFC como uma abordagem clinicamente confiável e complementar para analisar o diagnóstico precoce de disfunção autonômica na leucemia. Portanto, a avaliação do ritmo cardíaco por meio da VFC é proposta para diminuir o comprometimento da função autonômica nos indivíduos com leucemia.

Referência

Outras informações

  • Autores: Jociele M. Kirizawa, David M. Garner, Claudia Arab e Vitor E. Valenti
  • Instituições envolvidas: UNESP/Marília, Oxford Brookes University
  • Contato do pesquisador: Vitor Engrácia Valenti, Prof. Dr. UNESP/Marília
  • E-mail: vitor.valenti@unesp.br
  • Telefone: 14 9 9818 8448
Vitor Engrácia Valenti

Vitor Engrácia Valenti

Graduado em Fisioterapia pela UNESP/Marília. Doutorado em Ciências pela UNIFESP com Sandwich na University of Utah. Pós-Doutor em Fisiopatologia pela USP e Livre-Docente pela UNESP/Marília. É Prof. Adjunto de Fisiologia e Morfofisiopatologia na UNESP/Marília. Membro do corpo editorial da Scientific Reports, da Frontiers in Physiology, da Frontiers in Neuroscience e da Frontiers in Neurology. Coordenador do Centro de Estudos do Sistema Nervoso Autônomo. Contato: vitor.valenti@unesp.br