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Campos magnéticos do tamanho de buracos negros podem ser criados na Terra, diz estudo

Por Stephanie Pappas
Publicado na Live Science

Os cientistas podem ser capazes de criar campos magnéticos na Terra que se equiparam com a força daqueles vistos em buracos negros e estrelas de nêutrons, sugere um novo estudo.

Esses campos magnéticos poderosos, que seriam criados pela explosão de microtúbulos com lasers, são importantes para a realização de pesquisas básicas para física, ciência dos materiais e astronomia, de acordo com um novo artigo de pesquisa de autoria do engenheiro da Universidade de Osaka Masakatsu Murakami e seus colegas. O artigo foi publicado em 6 de outubro na Scientific Reports.

A maioria dos campos magnéticos da Terra, mesmo os artificiais, não são particularmente fortes. A imagem por ressonância magnética (MRI) usada em hospitais normalmente produz campos de cerca de 1 tesla ou 10.000 gauss. (Para efeito de comparação, o campo geomagnético que mexe as agulhas das bússolas para o norte registra entre 0,3 e 0,5 gauss.) Algumas máquinas de ressonância magnética de pesquisa usam campos tão fortes quanto 10,5 tesla, ou 105.000 gauss, e um experimento de laboratório de 2018 envolvendo lasers criou um campo de até a cerca de 1.200 tesla, ou pouco mais de 1 kilotesla. Mas ninguém foi além disso com sucesso.

Agora, novas simulações sugerem que a geração de um campo megatesla – ou seja, um campo de 1 milhão de tesla – deve ser possível. Murakami e sua equipe usaram simulações de computador e modelagem para descobrir que disparar pulsos de laser ultra-intensos em tubos ocos de apenas alguns mícrons de diâmetro poderia energizar os elétrons na parede do tubo e fazer com que alguns saltassem para a cavidade oca no centro do tubo, causando a implosão do tubo. As interações desses elétrons ultra-quentes e o vácuo criado conforme o tubo implode permitem o fluxo de corrente elétrica. O fluxo de cargas elétricas é o que cria um campo magnético. Nesse caso, o fluxo de corrente elétrica pode amplificar um campo magnético preexistente em duas a três ordens de magnitude, descobriram os pesquisadores.

O campo magnético de megatesla não duraria muito, desaparecendo após cerca de 10 nanossegundos. Mas isso é muito tempo para experimentos de física moderna, que frequentemente funcionam com partículas e condições que desaparecem em muito menos do que um piscar de olhos.

Murakami e sua equipe usaram simulações de supercomputador para confirmar que esses campos magnéticos ultra-fortes estão ao alcance da tecnologia moderna. Eles calcularam que a criação desses campos magnéticos no mundo real exigiria um sistema de laser com energia de pulso de 0,1 a 1 quilojoule e uma potência total de 10 a 100 petawatts. (Um petawatt equivale a um milhão de bilhões de watts.) Lasers de dez petawatt já estão sendo implantados como parte da Extreme Light Infrastructure (em português: Infraestrutura de Luz Extrema) na Europa, e cientistas chineses planejam construir um laser de 100 petawatt chamado Estação de Luz Extrema, relatou a Science em 2018 .

Os campos magnéticos ultrafortes têm múltiplas aplicações na física fundamental, inclusive na busca pela matéria escura. Os ímãs superfortes também podem confinar o plasma dentro dos reatores de fusão nuclear em uma área menor, abrindo o caminho para uma energia de fusão viável no futuro, a Live Science relatou anteriormente.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.