Por Anthony Cuthbertson
Publicado no The Independent
Os primeiros comandos sem fio (ou wireless, no inglês) de cérebros para um computador foram demonstrados em um avanço experimental para pessoas com paralisia.
O sistema é capaz de transmitir sinais cerebrais com “resolução de um neurônio único e com fidelidade de banda larga total”, afirmam pesquisadores da Universidade Brown, nos Estados Unidos.
Um ensaio clínico da tecnologia BrainGate envolveu um pequeno transmissor que se conecta ao córtex motor do cérebro de uma pessoa.
Os participantes do teste com paralisia usaram o sistema para controlar um computador tablet, relatou o periódico IEEE Transactions on Biomedical Engineering.
Os participantes conseguiram atingir velocidades de digitação e precisão de apontar e clicar semelhantes às que conseguiam com sistemas com fio.
Nas palavras de John Simeral, professor assistente de engenharia da Universidade Brown:
Demonstramos que este sistema sem fio é funcionalmente equivalente aos sistemas com fio que têm sido o padrão de excelência. Os sinais são gravados e transmitidos com fidelidade apropriadamente semelhante, o que significa que podemos usar os mesmos algoritmos de decodificação que usamos com equipamentos com fio. A única diferença é que as pessoas não precisam mais estar fisicamente presas ao nosso equipamento, o que abre novas possibilidades em termos de como o sistema pode ser usado.
Tal experimento marca o mais recente avanço no campo em rápido desenvolvimento das tecnologias de interface neural, que atraiu nomes como Elon Musk (fundador da Neuralink), e Facebook.
Os dois participantes do último ensaio – com idades entre 35 e 63 anos – estão paralisados por conta de lesões na medula espinhal. Eles puderam usar o sistema sem fio continuamente por até 24 horas em casa, em vez de estarem no laboratório.
A relativa facilidade de uso significa que os cuidadores treinados foram capazes de estabelecer as conexões sem fio, o que significa que o estudo poderia continuar enquanto a pandemia impedia visitas às casas dos participantes.
Leigh Hochberg, professor de engenharia da Universidade Brown e líder do ensaio clínico da BrainGate, disse:
Com este sistema, somos capazes de observar a atividade cerebral em casa, por longos períodos de uma forma que era quase impossível antes. Isso nos ajudará a projetar algoritmos de decodificação que proporcionam a restauração contínua, intuitiva e confiável da comunicação e mobilidade para pessoas com paralisia.