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Cientistas do MIT sugerem plano ousado para aliviar as mudanças climáticas: bolhas espaciais

Traduzido por Julio Batista
Original de Mike McRae para o ScienceAlert

Preocupados com o fato de que os esforços para estancar o fluxo excessivo de gases de efeito estufa em nossa atmosfera não serão suficientes para nos salvar de uma crise climática cada vez maior, os engenheiros do MIT retornaram a uma visão de décadas para ajudar a aliviar os efeitos das mudanças climáticas.

Para ganhar tempo para nos livrarmos do uso excessivo de combustíveis fósseis, poderíamos simplesmente erguer um guarda-sol feito de bolhas de alta tecnologia sobre o planeta para criar um pouco de sombra.

Proposta pela primeira vez no final da década de 1980, a sugestão de usar um vasto guarda-sol espacial para bloquear uma pequena proporção da radiação solar não é tão absurda quanto parece. E, para ser justo, também é um plano muito menos arriscado do que outros projetos de geoengenharia de grande escala com a intenção de refletir a luz da superfície de volta ao espaço.

No entanto, mesmo que o conceito fundamental de resfriar a Terra com algum tipo de escudo orbital seja viável, os materiais necessários não estariam exatamente prontos para uso, exigindo propriedades que os tornassem robustos, leves e opticamente adequados.

As sugestões iniciais centraram-se em um “sanduíche” de vidro de 2.000 quilômetros de largura erguido de materiais extraídos de rocha lunar. Colocado em um equilíbrio preciso entre a gravidade do Sol e da Terra e o impacto dos raios e partículas solares, ele refletiria uma quantidade de luz calculada para mitigar o aumento constante da temperatura.

Desde então, várias alternativas foram consideradas, desde balões de alumínio cheios de hidrogênio até um anel artificial de partículas que transformaria a Terra em um Saturno em miniatura.

Todos têm seus prós, mas os contras esmagadores relegam ao que é conhecido como ‘boa ideia, mas triste que a ciência está indo por esse caminho’.

Ainda assim, tempos desesperadores exigem medidas desesperadas. Confiantes de que ainda há mérito nos benefícios fundamentais de um escudo solar, cientistas do MIT estão pedindo um estudo de viabilidade sobre a implantação de uma série de bolhas espumosas do tamanho do Brasil.

Uma vez que você descarta outras ideias como lançar latas gigantes de creme de barbear no vácuo interplanetário, isso não soa tão ridículo.

Feito de uma substância homogênea como o silício fundido, as variações sutis na espessura do filme da bolha podem refletir uma variedade de comprimentos de onda da radiação solar, aumentando sua eficiência. E, ao contrário do origami complexo necessário para dobrar e desdobrar grandes tecidos refletivos disponíveis, uma camada de bolhas pode ser soprada no lugar, otimizando os custos.

O melhor de tudo, caso algo imprevisto ocorra, é muito mais eficaz estourar um monte de bolhas do que recolher nuvens de poeira, remover milhões de guarda-sóis minúsculos ou quebrar uma vidraça do tamanho de uma cidade.

Em teoria, tal escudo teria uma densidade de massa de cerca de 1,5 gramas por metro quadrado, colocando-o no mesmo nível da tecnologia especulativa baseada em enxames de guarda-sóis espaciais em órbita.

Como muitas sugestões semelhantes, a tecnologia precisaria ser mantida pelo cabo de guerra entre a Terra e o Sol para evitar a necessidade de sistemas de orientação pesados.

Idealmente, os engenheiros esperariam que todo o sistema fosse capaz de reduzir a quantidade de luz solar que, de outra forma, aqueceria nosso planeta em 1,8% – um número obtido por estudos anteriores.

Se eles poderiam encontrar um material capaz de preencher todos os requisitos ideais e descobrir uma maneira adequada de lançá-lo na posição e começar a soprá-lo, depende da obtenção de financiamento para pesquisas adicionais. Claro, nada disso foi publicado em uma revista revisada por pares ainda – os pesquisadores estão simplesmente divulgando a ideia na esperança de que trabalhos futuros possam ser conduzidos para construí-lo. Então, por enquanto, é principalmente especulação intrigante.

Experimentos preliminares mostraram que é possível inflar bolhas de camadas finas a uma pressão de cerca de três milésimos de uma atmosfera, mantida a uma temperatura de -50 graus Celsius. Mas muito mais trabalho precisa ser feito antes que possamos sequer considerar colocar o plano em ação.

“Acreditamos que o avanço dos estudos de viabilidade de um escudo solar para o próximo nível pode nos ajudar a tomar decisões mais informadas nos próximos anos, caso as abordagens de geoengenharia se tornem urgentes”, disse Carlo Ratti, professor de tecnologias urbanas do Senseable City Lab do MIT.

Nada disso significaria diminuir os esforços para frear as emissões de carbono, é claro. Pesquisas anteriores do MIT também implicam que precisamos ser extremamente cautelosos quando se trata de qualquer tipo de proteção solar, com as mudanças nos padrões climáticos globais sendo uma possibilidade distinta.

Mas à luz das evidências de que temperaturas desastrosas podem ser alcançadas em menos de uma década ou duas, fica claro que todas as opções precisam ser deixadas na mesa para consideração.

Apenas não deixe que esses grandes projetos chamativos nos distraiam da solução real – interromper as emissões o mais rápido possível.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.