Pular para o conteúdo

Cobras modernas evoluíram de sobreviventes de asteroide que dizimou dinossauros

Por Jacinta Bowler
Publicado na ScienceAlert

Tudo aconteceu em apenas um momento evolutivo. Sessenta e seis milhões de anos atrás, um enorme asteroide surgiu em uma bola de fogo no seu caminho à atmosfera da Terra e aniquilou os dinossauros não-aviários. Os sobreviventes – mamíferos, sapos, répteis e outros – se espalharam, se diversificaram e se tornaram muitas das espécies que conhecemos hoje.

Porém, uma nova pesquisa apontou o que as cobras estavam fazendo durante esse período, chamado de extinção em massa do Cretáceo-Paleogeno (K-Pg). Agora, parece que apenas um punhado de cobras sobreviventes do asteroide evoluiu para todas as espécies de serpentes atuais.

“É notável, porque não apenas elas sobreviveram a uma extinção que exterminou tantos outros animais, mas dentro de alguns milhões de anos elas inovaram, usando seus habitats de novas maneiras”, disse a autora principal e filogeneticista Catherine Klein, que realizou o trabalho enquanto estava na Universidade de Bath, no Reino Unido.

Houve um certo vaivém científico sobre quantos escamados – répteis como lagartos e cobras – foram afetados pela extinção em massa.

Originalmente, pensava-se que eles sofreram baixas mínimas, mas na América do Norte, particularmente, havia evidências de uma alta taxa de extinções de escamados na fronteira K-Pg.

“A história evolutiva das cobras através da fronteira K-Pg tem sido particularmente difícil de avaliar”, escreve a equipe em seu novo estudo.

A falta de fósseis de cobras primitivas significa que a análise genética evolutiva de cobras depende de um conjunto muito restrito de características. Isso pode resultar em padrões tendenciosos que podem não refletir sua verdadeira história genética, explicou a equipe.

Porém, ao combinar diferentes abordagens de modelagem envolvendo dados genéticos e amostragem de fósseis em diferentes períodos de tempo, os pesquisadores forneceram uma visão abrangente das cobras modernas.

Então, o asteroide colidiu, os dinossauros pereceram e, de repente, havia muito mais espaço para se mover. Como as cobras se saíram?

A extinção de competidores (incluindo outras espécies de cobras) significou que os sobreviventes poderiam rastejar livremente e mover-se para novos nichos, novos habitats e até mesmo novos continentes.

“Nossa pesquisa sugere que a extinção agiu como uma forma de ‘destruição criativa’ – eliminando espécies antigas, permitiu que os sobreviventes explorassem as lacunas no ecossistema, experimentando novos estilos de vida e habitats”, disse um dos membros da equipe da Universidade de Bath, o pesquisador evolutivo Nick Longrich.

“Esta parece ser uma característica geral da evolução – são os períodos imediatamente após grandes extinções em que vemos a evolução no seu estado mais experimental e inovador. A destruição da biodiversidade abre espaço para que novas coisas surjam e colonizem novas massas de terra. No final das contas, a vida torna-se mais diversificada do que antes”.

Existiam cobras do cretáceo antes deste período – sabemos disso porque suas vértebras eram diferentes naquela época. Mas, quando essas cobras quase foram extintas, cobras modernas em todas as suas formas incríveis começaram a surgir após a destruição. Víboras e serpentes, arbóreas e cobras marinhas, jiboias e pítons – todos elas surgiram depois que o enorme asteroide de 10 quilômetros dizimou a Terra.

“A extinção em massa do Cretáceo-Paleógeno (K-Pg) causou a extinção de vários grupos de vertebrados e suas consequências viram a rápida diversificação dos mamíferos, pássaros, sapos e peixes teleósteos sobreviventes”, escreveu a equipe.

“Nossos resultados ajudam a corroborar o papel fundamental da extinção em massa do K-Pg na formação da biodiversidade de vertebrados que ocupa nosso planeta hoje”.

O estudo foi publicado na Nature Communications.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.