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Código assírio antigo pode ter sido finalmente decifrado

Código Antigo dos Assírios

Um antigo código pictórico que intrigou especialistas por mais de um século pode ter sido interpretado integralmente pela primeira vez, oferecendo-nos uma visão mais aprofundada do poderoso império assírio que se estendeu por vastas áreas do Oriente Médio entre os séculos XIV e VII a.C. Uma nova pesquisa detalha o possível significado dos códigos.

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Estas imagens aparecem em vários locais nos templos de Dūr-Šarrukīn, que foi brevemente a capital da Assíria. As ruínas enterradas da antiga cidade foram escavadas durante os séculos XIX e XX.

Em particular, esses símbolos referem-se ao rei Sargão II, que governou de 721 a 704 a.C. Na forma abreviada, incluem um leão, uma figueira e um arado. Na forma mais longa, existem cinco símbolos em sequência: um pássaro e um touro depois do leão, seguidos pela árvore e o arado.

leão em código pictórico
Uma reconstrução de como seria a aparência de um leão nas paredes do templo. ( Biblioteca Pública de Nova York )

 

No entanto, o significado dessas imagens – se representavam deuses, forças sobrenaturais, a autoridade do rei ou uma tentativa de escrever hieróglifos egípcios – tem sido debatido há muito tempo.

“Esta região do mundo, que inclui o atual Iraque e partes do Irã, da Turquia e da Síria, é muitas vezes referida como o ‘berço da civilização'”, diz o assiriologista e historiador Martin Worthington, do Trinity College Dublin, na Irlanda. “Foi onde nasceram as cidades e os impérios, e sua história é uma grande parte da história humana.”

Código Antigo dos Assírios
Uma reconstrução de uma figura do rei Sargão II. (Biblioteca Pública de Nova York)

 

Worthington reuniu as pistas para concluir que essas imagens formam o nome de Sargão, uma ideia proposta pela primeira vez (mas não explorada) em 1948. Ele expande essa sugestão mostrando que os símbolos também podem fazer referência a constelações de estrelas – com a intenção de homenagear o rei soberano, escrevendo seu nome nas estrelas e associando-o aos deuses.

código assírio
Essas figuras teriam sido mostradas ao redor da entrada do templo. (Biblioteca Pública de Nova York)

 

É importante ressaltar que a interpretação vale tanto para a forma longa quanto para a forma curta deste código gráfico. Embora teorias anteriores sugerissem que os ícones poderiam referir-se ao rei e ao céu noturno – principalmente por causa das cores azul e amarela em que eram às vezes representados – esta é a primeira investigação a reunir sistematicamente essas ideias.

Worthington detalha a linguagem usada: por exemplo, a palavra assíria para “árvore” soa semelhante a “mandíbula”, que é o nome de uma constelação familiar para as pessoas da época. Além disso, essas constelações estavam ligadas a deuses antigos, referindo-se ainda mais a Sargão.

“O efeito dos cinco símbolos foi colocar o nome de Sargão nos céus, por toda a eternidade – uma forma inteligente de tornar o nome do rei imortal”, diz Worthington. “E, claro, a ideia de indivíduos bombásticos escreverem seus nomes em edifícios não é exclusiva da antiga Assíria”.

Símbolos de leões andando também teriam escrito o nome de Sargão na antiga Assíria – além de terem fortes conexões com figuras reais – confirmando ainda mais a ligação nas versões mais longas deste código visual.

Embora possam agora ter retrocedido para um passado antigo, as civilizações mesopotâmicas foram extremamente significativas em muitos aspectos da história humana, o que torna valiosa uma melhor compreensão de como viviam, pensavam e governavam.

“O fato de funcionar tanto para a sequência de cinco símbolos como para a sequência de três símbolos, e de os símbolos também poderem ser entendidos como constelações culturalmente apropriadas, parece-me altamente sugestivo”, diz Worthington. “As chances de tudo isso ser casual são – perdoem o trocadilho – astronômicas.”

Brendon Gonçalves

Brendon Gonçalves

Sou um nerd racionalista, e portanto, bastante curioso com o que a Ciência e a Filosofia nos ensinam sobre o Universo Natural... Como um autodidata e livre pensador responsável, busco sempre as melhores fontes de conhecimento, o ceticismo científico é meu guia em questões epistemológicas... Entusiasta da tecnologia e apreciador do gênero sci-fi na arte, considero que até mesmo as obras de ficção podem ser enriquecidas através das premissas e conhecimentos filosóficos, científicos e técnicos diversos... Vida Longa e Próspera!