Por Profª. Dra. Mírian Liza Alves Forancelli Pacheco (UFSCar-Sorocaba)
Pós-doutoranda pelo Departamento de Física Nuclear (IF/USP)
Físicos e paleontólogos estudam o tempo de formas diferentes. Embora muitos físicos considerem a viagem de volta ao passado como praticamente impossível, os paleontólogos sabem como fazer isso decifrando informações que se preservaram em rochas.
Organismos que se preservam em rochas são denominados fósseis. A ordenação dos fósseis nas rochas forma um registro que mais lembra um álbum de fotos de eventos que têm ocorrido na Terra desde quase 4 bilhões de anos.
E quem não entende o valor de um álbum de fotos bem organizado e documentado? Ele aguça a memória de importantes eventos. Nos permite viajar para o passado e revisitar momentos cheios de significados.
O registro fóssil é o grande álbum de fotos da história da vida na Terra. Por meio dele, podemos “relembrar” ecossistemas e ambientes que não existem mais. Desta forma, mais do que contar a história de organismos extintos, fósseis e rochas podem fornecer informações sobre fatores biológicos, condições ambientais e outros processos naturais que ajudam em nosso conhecimento sobre origem, evolução e o futuro da vida na Terra; e talvez até mesmo em outros planetas.
Além disso a ordenação do registro fóssil é uma evidência eloquente da evolução. Essa organização temporal é, de fato, um dos grandes pilares que segura firmemente o “teto” da Teoria Evolutiva! Quando usamos as palavras “nunca” e “certeza” em uma mesma frase sobre qualquer afirmação científica, temos que ser muito cautelosos. Mas você pode ter certeza, por exemplo, de que um coelho nunca aparecerá preservado antes do primeiro fóssil de uma borboleta. Se isso acontecer, teremos que repensar toda uma teoria científica.
Mas, como a Paleontologia funciona de fato? Antes precisamos esclarecer que observação e experimentação são os métodos que dominam a ciência. Desde a sua estruturação inicial como ciência até o presente, a Paleontologia se destaca ao testar hipóteses baseadas na observação do registro fóssil.
Como todo paleontólogo, eu também testo hipóteses científicas com base principalmente na observação do registro fóssil. Mas, às vezes, apenas observar pode não ser o suficiente para responder importantes questões que há muito tempo continuam em aberto: a vida sempre teve o mesmo aspecto? quais as possíveis formas da vida? em quais lugares, temperaturas e outras condições “impensáveis” os organismos viveram ou ainda podem viver? É nesse momento que devemos rever o caminho de nossas principais dúvidas e realizar experimentos!
As argilas se apresentam sob diferentes tipos e com variadas propriedades em nosso planeta (e em outros, como Marte!). Poucas pessoas sabem, mas é possível que os tipos mais comuns de minerais, como as argilas, estejam relacionados à origem da vida, além de proporcionar excepcionais formas de preservação em organismos que já não existem há bilhões ou milhões de anos.
Atualmente tenho desenvolvido um projeto que procura entender o efeito de argilas muito especiais (como a ilita) na preservação de organismos que se tornaram fósseis. Para tanto, testo experimentalmente diferentes processos e ambientes que podem levar à fossilização, utilizando técnicas avançadas para acessar esses importantes dados. E também comparo incansavelmente os resultados de meus experimentos com rochas e organismos fossilizados há centenas de milhões de anos.
Contudo, necessito de financiamento para dar continuidade às pesquisas. “Mas afinal, por que é importante tentarmos entender como os fósseis se formam?”, “Como o projeto funciona?” e “Quem é Mírian Pacheco?” são perguntas que você deve estar se fazendo. E todas elas estão respondidas aqui.
“Como os fósseis se formam?” é o título da campanha de financiamento coletivo para meu pós-doutorado.