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Composto promissor no tratamento do Alzheimer

A doença de Alzheimer é um distúrbio neurodegenerativo progressivo e a causa mais comum de problemas cognitivos em idosos. O desequilíbrio entre a geração do peptídeo amilóide-β (Aβ) a partir da proteína precursora de amilóide 3 e a depuração induz seu acúmulo, agregação e deposição no cérebro, que se acredita ser um evento patogênico precoce e principal na doença de Alzheimer. Assim, diversos grupos de pesquisa ao redor do mundo têm se esforçado para encontrar algo eficiente relacionado ao tratamento dessa triste doença.

Nesse sentido, pesquisadores da Networking Biomedical Research Center on Neurodegenerative Diseases, Espanha, publicaram um estudo na Scientific Reports, o qual analisou o potencial de uma proteína chamada anexina 5 sobre o plexo coróide, região em que ocorre acúmulo do Aβ.

Amostras de líquido cefalorraquidiano, ou líquor (10 ml por indivíduo), foram retiradas de 26 voluntários com comprometimento cognitivo leve, 20 com doença de Alzheimer leve, 20 com doença de Alzheimer moderada e 26 indivíduos saudáveis. As amostras foram coletadas por punção lombar mediante consentimento informado do paciente.

Segundo o estudo, houve aumento dos níveis de anexina A5 no líquido cefalorraquidiano de pacientes com diagnóstico clínico de comprometimento cognitivo moderado e doença de Alzheimer, além de redução simultânea dos níveis de anexina A5 no plexo coróide dos cérebros doados de cadáveres com doença de Alzheimer.

Esses achados foram acompanhados por aumento da sobrecarga do Aβ no plexo coróide relacionado à gravidade da doença, fluxo autofágico significativamente alterado e aumento da morte celular nos estágios tardios da doença de Alzheimer.

In vitro, também foi observado que a liberação extracelular da anexina A5 nas células do plexo coróide pode ser dependente da sobrecarga de Aβ. Foi proposto então que o Aβ no plexo coróide possa induzir um maior acúmulo de autofagossomo. Tais efeitos resultam no aumento da morte celular e na regulação da anexina A5. Por outro lado, a anexina A5 protegeu contra a toxicidade do Aβ, restaurando a desregulação da homeostase do Ca2 + induzida pelo Aβ.

Os resultados sugerem que a anexina A5 desempenha um papel crucial na manutenção da proteção fisiológica da barreira hematoencefálica que é prejudicada na doença de Alzheimer. Portanto, o estudo aponta que a anexina A5 pode desempenhar um papel protetor na toxicidade celular induzida por Aβ no plexo coróide de pacientes com doença de Alzheimer.

Referência

  • Bartolome, F., Krzyzanowska, A., de la Cueva, M. et al. Annexin A5 prevents amyloid-β-induced toxicity in choroid plexus: implication for Alzheimer’s disease. Sci Rep 10, 9391 (2020). https://doi.org/10.1038/s41598-020-66177-5
Vitor Engrácia Valenti

Vitor Engrácia Valenti

Graduado em Fisioterapia pela UNESP/Marília. Doutorado em Ciências pela UNIFESP com Sandwich na University of Utah. Pós-Doutor em Fisiopatologia pela USP e Livre-Docente pela UNESP/Marília. É Prof. Adjunto de Fisiologia e Morfofisiopatologia na UNESP/Marília. Membro do corpo editorial da Scientific Reports, da Frontiers in Physiology, da Frontiers in Neuroscience e da Frontiers in Neurology. Coordenador do Centro de Estudos do Sistema Nervoso Autônomo. Contato: vitor.valenti@unesp.br