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“Conhece-te a ti mesmo”, diz a astrobiologia

Nos últimos anos, a vida extraterrestre parece ter saído da ficção e se tornado uma real possibilidade. Com isso, instituições como o SETI (sigla inglesa para Search for Extraterrestrial Intelligence) e o METI (Messaging to Extra-Terrestrial Intelligence) foram criadas em busca de respostas para a antiga ficção. E através deles, campos como a astrobiologia foram altamente explorados.

Você já se perguntou se o híbrido Spock seria realmente parecido com o humano McCoy?

A partir do momento que passamos a cogitar a vida fora a Terra, é impossível não a comparar a nós mesmos. Imaginamos seres com dois olhos, pernas e braços, porém quanto a cognição, esses seres também usariam a linguagem verbal para se comunicar, a diferença é que eles seriam mais inteligentes e racionais que nós, como o famoso Sr. Spock de Star Trek. Essas ideias se opõem umas as outras a partir do momento que passamos a considerar o ambiente o principal determinador de qualquer tipo de característica.

Por exemplo, uma das teorias mais aceitas para a condução de sinais elétricos do cérebro protagonizada pelos íons Na+ e Cl-, se apoia na nossa origem do mar; ela afirma que passamos a utilizar os elementos presentes no cloreto de sódio – NaCl, abundante no mar – para a condução desses sinais. Porém a presença desses íons no nosso cérebro poderia influenciar em processos mais complexos, como a cognição e a consciência? Nós pensaríamos de forma diferente se tivéssemos nos originado do barro, por exemplo?

Neurônios conduzindo sinais elétricos.

Para encontrar respostas à essas e outras perguntas, o campo chamado astrocognição foi recentemente criado, ele visa explorar diferentes possibilidades de vida inteligente, além da influenciada pelo ambiente terrestre. Mas para isso, é fundamental descobrirmos a nossa origem, e a verdadeira função de materiais presentes no sistema nervoso. Já foi dito que os neurocientistas podem facilmente observar os fenômenos ocorridos no cérebro, a parte mais difícil é associar pequenas moléculas à tarefas tão subjetivas, como as implicadas pela mente.

Mas como chegar a conclusões avançadas, se hoje não conseguimos ao menos definir completamente a consciência, a mente e os neurônios?

O bordão do oráculo “Conhece-te a ti mesmo’, parece se aplicar perfeitamente para a astrocognição. Neurocientistas argumentam que só seremos capazes de cogitar outras possibilidades para a vida, depois que descobrirmos a origem da nossa. Antes de tudo, entender o Universo implica entendermos a nós mesmos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. The History and Philosophy of Astrobiology: Perspectives on Extraterrestrial Life and the Human Mind, DUNÉR, David; PATHERMORE, Joel; PERSSON, Erik; HOLMBERG, Gustav; Cambridge Scholars Publishing, 2013.
  2. Cognitive Astrobiology, TOKER Daniel, 2016.
Débora Queiroz

Débora Queiroz

Ama quebra-cabeças e acredita que o cérebro é a figura mais complexa, e por isso seu maior prazer é monta-la. Aspirante a neurocientista, e atualmente aluna de iniciação cientifica da UNESP- Assis em psicologia ambiental com ênfase em neuroplasticidade.