Traduzido por Julio Batista
Original de Isaac Schultz para o Gizmodo
No semestre passado, a espaçonave DART da NASA colidiu com Dimorphos, um pequeno asteroide a cerca de 11 milhões de quilômetros de distância, em uma tentativa sem precedentes de mudar a órbita de um corpo natural no espaço. Agora, duas equipes de astrônomos divulgaram imagens das consequências da colisão obtidas pelo Very Large Telescope do Observatório Europeu do Sul.
Os pesquisadores descobriram que a nuvem de detritos ejetada do asteroide parecia mais azul do que a própria rocha espacial, indicando que Dimorphos é composto de partículas finas. Mas com o passar do tempo após o impacto, os detritos formaram uma cauda e aglomerados que podem ter sido feitos de partículas maiores. Os papers de ambas as equipes foram publicados hoje na revista Astronomy and Astrophysics.
“Esta pesquisa aproveitou uma oportunidade única quando a NASA impactou um asteroide”, disse Cyrielle Opitom, astrônoma da Universidade de Edimburgo e principal autora de um dos estudos, em um comunicado da OES, “portanto, não pode ser repetida em nenhuma instalação futura. Isso torna os dados obtidos com o VLT no momento do impacto extremamente preciosos quando se trata de entender melhor a natureza dos asteroides.”
O DART (abreviação de Double Asteroid Redirection Test) foi projetado para testar se a humanidade poderia mudar a trajetória de um asteroide. A importância do teste não pode ser subestimada, pois uma rocha espacial vindo em nossa direção pode causar morte e destruição em massa. O DART provou que, se tal asteroide aparecer, a humanidade tem meios de mudar seu curso.
Quatro telescópios de 8,2 metros que compõem o Very Large Telescope do OES capturaram as consequências da missão de defesa planetária. Uma luz brilhante no centro das imagens é Dimorphos, enquanto os raios luminosos que se espalham são detritos da colisão.
As imagens foram obtidas entre 26 de setembro de 2022 (data do impacto) e 25 de outubro de 2022. Faixas de luz vistas ao fundo são devidas ao movimento aparente das estrelas de fundo.
“Quando observamos os objetos em nosso Sistema Solar, estamos olhando para a luz do Sol que é espalhada por sua superfície ou por sua atmosfera, que se torna parcialmente polarizada”, disse Stefano Bagnulo, astrônomo do Observatório e Planetário Armagh no Reino Unido e autor principal de um dos estudos, em um comunicado do OES.
“Acompanhar como a polarização muda com a orientação do asteroide em relação a nós e ao Sol revela a estrutura e a composição de sua superfície”, acrescentou Bagnulo.
O DART levou cerca de 10 meses para percorrer os quase 11 milhões de quilômetros da Terra até Dimorphos, que está em um sistema binário com outro asteroide, Didymos. Embora pareça muito longe, 11 milhões de quilômetros é uma grande distância para observação telescópica.
Antes das fotos de impacto de hoje, o LICIACube, construído na Itália, divulgou imagens próximas do impacto inicial, assim como os Telescópios Espaciais Hubble e Webb. O Telescópio de Pesquisa Astrofísica do Sul (SOAR) no Chile, operado pelo NOIRLab, capturou imagens da trilha de detritos de 9.700 quilômetros do impacto. O Projeto Telescópio Virtual, o Observatório Klein Karoo na África do Sul, o Observatório Astronômico Sul-Africano e o projeto ATLAS também voltaram seu olhar para a cena.
As imagens tiradas por tantos observatórios diferentes ajudarão os cientistas a entender o sucesso da missão DART em grande detalhe. Além de aprender mais sobre a composição de asteroides como Dimorphos, os cientistas terão uma ideia melhor de como responder se um asteroide parecer estar em trajetória à Terra.