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Corpos felpudos ajudaram os dinossauros a sobreviver a uma das piores extinções da Terra?

Traduzido por Julio Batista
Original de Riley Black para a Science

Os dinossauros viviam em um verão sem fim, cercados por selvas abafadas e pântanos exuberantes – pelo menos se acreditarmos em filmes como Fantasia e Jurassic World. Mas essa imagem clássica está mudando. Os paleontólogos agora sabem que alguns dinossauros viviam em habitats relativamente frios, com meses de escuridão e neve ocasional no chão. Condições frias como essas, argumenta um novo estudo controverso, podem tê-los ajudado a sobreviver a uma das piores extinções da Terra.

“Há várias ideias interessantes lançadas na mistura do novo paper”, disse Alfio Alessandro Chiarenza, paleontólogo da Universidade de Vigo que não esteve envolvido no trabalho. Mas são necessárias mais evidências para confirmar algumas das amplas alegações do estudo, disseram ele e outros.

Cientistas liderados pelo paleontólogo da Universidade Columbia Paul Olsen se concentraram nos eventos de aproximadamente 201 milhões de anos atrás. Por volta dessa época, no final do período Triássico e pouco antes do período Jurássico que se seguiu, muitos geólogos pensam que erupções vulcânicas maciças esfriaram o planeta, provocando uma extinção em massa na terra e nos mares. Alguns tipos de organismos se saíram melhor do que outros. Embora todos os grupos de dinossauros existentes tenham atravessado o desastre virtualmente ilesos e proliferado descontroladamente durante o Jurássico, muitas outras formas de répteis e anfíbios pereceram. Adaptações à vida em habitats mais frios, propõe o novo paper, é o que separou os sobreviventes daqueles que foram extintos.

As falésias da Bacia de Junggar, na China, contêm evidências de seixos e outros detritos movidos pelo gelo durante o Triássico Superior, com pegadas de dinossauros encontradas nas proximidades. (Créditos: Paul Olsen)

Olsen e seus colegas baseiam suas alegações em descobertas geológicas e fósseis na Bacia de Junggar, na China. As rochas aqui do final do Triássico e do Jurássico mais antigo incluem pegadas de dinossauros. O novo estudo relata que as rochas também contêm seixos e outros detritos transportados por camadas de gelo, sugerindo temperaturas frias. A equipe conclui que os dinossauros devem ter prosperado no frio.

A plumagem pode ter sido sua principal adaptação, argumenta Olsen. Os fósseis mostram que muitos dinossauros e pterossauros voadores exibiam penas e coberturas corporais semelhantes a penas. A maioria dessas penas raramente preservadas é encontrada em dinossauros posteriores, mas outros pesquisadores sugeriram que o último ancestral comum de dinossauros e pterossauros tinha alguma forma de plumagem há mais de 243 milhões de anos. Nesse caso, os dinossauros do final do Triássico na Bacia de Junggar tinham casacos naturais de inverno quentes feitos de plumagem, afirmam Olsen e seus colegas na terça nos Scientific Reports. Cobertos e aquecidos com um “casaco” feito de algo semelhante a penas, os dinossauros conseguiram sobreviver ao frio da extinção do final do Triássico, especulam os pesquisadores.

É uma ideia intrigante, mas os paleontólogos ainda não encontraram evidências diretas de penas ou suas precursoras entre os dinossauros do Triássico, ressaltou Chiarenza. Se fósseis de penas aparecerem em rochas triássicas, disse Sara Varela, da Universidade de Vigo, os pesquisadores podem comparar sua idade e localização com modelos do clima triássico para ver se a plumagem dos dinossauros realmente lhes permitiu enfrentar o frio.

Olsen observa que fósseis de perto do Ártico e da Antártida do Triássico são raros e pouco conhecidos até agora. E mesmo entre as rochas que preservam regiões triássicas mais quentes, disse Chiarenza, o registro fóssil conhecido é fragmentário. Descobertas futuras de criaturas do Triássico e seus habitats certamente testarão a hipótese deste paper, disse ele. “Todos nós queremos entender por que algumas linhagens desaparecem e outras não”, disse Varela. Mas por enquanto, completou ela, as respostas aguardam a descoberta na rocha.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.