Por Laura Geggel
Publicado na Live Science
Paleontólogos na Argentina descobriram um crânio de dinossauro incomum que pertencia a um carnívoro de cérebro minúsculo que viveu cerca de 70 milhões de anos atrás, segundo um novo estudo.
A espécie recém-descoberta – chamada Guemesia ochoai em homenagem ao general Martín Miguel de Güemes, herói da Guerra da Independência da Argentina – é membro dos Abelisauridae, um clado de carnívoros que vagava pelo que hoje é a América do Sul, África e Índia durante a era dos dinossauros.
É possível que G. ochoai seja um parente próximo dos ancestrais dos abelissaurídeos, disseram os pesquisadores. No entanto, G. ochoai é diferente de seus parentes abelissaurídeos de duas maneiras principais: não possui chifres, talvez porque os ancestrais abelisaurídeos ainda não tivessem desenvolvido esses espinhos pontiagudos; e, provavelmente, viveu no que hoje é o norte da Argentina, onde seu crânio foi encontrado, longe da maioria dos restos de abelissaurídeos na Patagônia, no sul da Argentina, sugerindo que esse grupo de dinossauros poderia viver em ecossistemas variados.
“Este novo dinossauro é bastante incomum para seu tipo”, disse a coautora do estudo Anjali Goswami, líder de pesquisa do Museu de História Natural de Londres, em um comunicado. “Isso mostra que os dinossauros que vivem nesta região eram bem diferentes dos de outras partes da Argentina, apoiando a ideia de províncias distintas na América do Sul do Cretáceo”.
Os abelissaurídeos, provavelmente, caçavam titanossauros de pescoço comprido, um feito impressionante, já que seus braços minúsculos eram vestigiais e essencialmente inúteis. Eles não eram os únicos terópodes – ou bípedes, principalmente dinossauros carnívoros – com braços curtos. O tiranossauro tem braços risivelmente curtos para sua estatura, embora seus braços fossem mais longos do que os dos abelissaurídeos e pesquisas pré-publicadas sugerem que o rei dos dinossauros poderia usar seus braços pequeninos para aproximar suas presas.
Com braços tão fracos e inúteis, os abelissaurídeos tinham que derrubar presas quase inteiramente com seus crânios e mandíbulas poderosas.
O crânio é tudo o que resta deste G. ochoai. Então, depois que os pesquisadores o descobriram na Formação Los Blanquitos, perto de Amblayo, eles começaram a estudá-lo atenciosamente. A equipe analisou a caixa craniana bem preservada do dinossauro, ou a área onde o cérebro estava. Como outros abelissaurídeos, a caixa craniana do G. ochoai era pequena, indicando que tinha um pequeno cérebro. De fato, todo o seu crânio é cerca de 70% menor que seus parentes abelissaurídeos, sugerindo que este indivíduo era jovem, embora essa questão ainda não esteja resolvida.
A equipe de pesquisa de cientistas argentinos e britânicos também notou uma característica única chamada forames, ou fileiras de pequenos orifícios na frente do crânio. Esses buracos podem ter ajudado o corpo do G. ochoai esfriar quando o animal bombeava sangue para a pele fina na frente de sua cabeça, onde poderia liberar calor, disseram os pesquisadores.
Já existem outras 35 espécies de abelissaurídeos descritas da Argentina, mas quase todas são da Patagônia. A descoberta de G. ochoai e outras paleoespécies extraordinárias, como uma enorme tartaruga com um casco de 1 metro de comprimento, nesta região norte sugere que essa região era uma parte única do mundo durante o final do Cretáceo.
Os pesquisadores esperam descobrir mais espécimes de G. ochoai e seus parentes para que possam aprender mais sobre a vida na antiga Argentina. O estudo foi publicado online em 10 de fevereiro no Journal of Vertebrate Paleontology.