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Desculpa, mas os cães talvez prefiram os rostos de outros cães aos de humanos

Por Aylin Woodward
Publicado no Business Insider

Muitas pessoas adoram apertar os rostos fofinhos de seus cães enquanto olham profundamente nos olhinhos deles para tentar entender o que eles querem.

Mas uma nova pesquisa sugere que nossos amigos de quatro patas não sentem o mesmo por nós. Um estudo publicado segunda-feira no Journal of Neuroscience revela que os cérebros dos cães ficam tão felizes por nossos rostos quanto pelas nossas nucas.

Os humanos contam com sinais faciais para reunir informações e temos uma área especial de nosso cérebro que é ativada quando vemos um rosto. Mas o novo estudo mostra que os cães não processam rostos humanos da mesma maneira.

“Eles leem as emoções dos rostos e podem reconhecer as pessoas apenas pelo rosto, mas outros sinais corporais parecem ser igualmente informativos para eles”, disse Attila Andics, pesquisador de comportamento canino da Universidade Eötvös Loránd na Hungria e coautor do estudo, à NBC News.

A equipe de Andics também descobriu que os cães se importam mais em ver outros cães do que em ver rostos, humanos ou não.

Os cães preferem olhar para outros cães do que para rostos

Os pesquisadores usaram um tipo de varredura cerebral chamada imagem de ressonância magnética funcional, ou fMRI. A fMRI pode mostrar quão ativas as diferentes partes do cérebro estão ao examinar onde o sangue está fluindo.

Os pesquisadores fizeram uma varredura de fMRI em 20 cães de estimação e 30 humanos, durante a qual os participantes foram apresentados a quatro vídeos diferentes de 2 segundos.

Um clipe mostrou um rosto humano e um outro a parte de trás de uma cabeça humana. Os dois últimos vídeos eram do rosto e da nuca de um cachorro.

Os dados das varreduras mostraram que humanos e cães preferem olhar para membros de sua própria espécie. O cérebro dos cães ficava mais ativo quando viam outro cão, em comparação com quando viam uma pessoa. O cérebro dos humanos também ficava mais ativo quando viam uma pessoa do que quando viam um cachorro.

Mas o que separa os cérebros desses animais de estimação dos de seus donos é o quanto eles ficavam ativos quando lhe são apresentados um rosto.

O cérebro dos cachorros ficava ativo da mesma forma se eles olhassem para um rosto ou para uma nuca. Os participantes humanos, em contraste, tinham cérebros que ficavam ativos, iluminando diferentes partes na varredura como pisca-pisca de árvores de Natal, quando lhes apresentavam um rosto, em comparação com quando viam a nuca.

De acordo com Carlo Siracusa, diretor do serviço de comportamento animal da Escola de Medicina Veterinária da Universidade da Pensilvânia (EUA), os cães contam mais com a linguagem corporal e outros sentidos para coletar informações.

“Eles usam outras formas de comunicação, como a posição da orelha – que pode ser vista de frente e de trás. A posição da orelha dirá sobre o humor do cão. Nós, humanos, não mexemos as orelhas”, Siracusa, que não era envolvidos no estudo, disse à NBC News.

Os cães também têm um olfato estranho, entre 10.000 e 100.000 vezes mais aguçado do que o dos humanos.

Assim, eles podem detectar feromônios deixados por outros cães, o que pode transmitir mais informações do que uma simples olhada no rosto.

Os cães entendem a fala da mesma maneira que nós

Dito isso, há aspectos do cérebro dos cães que são conectados de forma semelhante ao nosso.

Um estudo de agosto publicado na revista Scientific Reports descobriu que os cães entendem a comunicação verbal da mesma forma que nós, analisando o tom e depois o significado do que foi expressado como aspectos separados da fala humana.

Quando os humanos ouvem alguém falar, nosso cérebro divide o trabalho de processamento dessa comunicação entre os hemisférios direito e esquerdo. Primeiro, o hemisfério direito se concentra em analisar o tom subjacente do locutor e, em seguida, o hemisfério esquerdo processa o significado do que ouvimos.

Pesquisadores descobriram em 2014 que os cérebros dos cães dividem a tarefa de processamento da fala da mesma maneira, embora os cientistas não tenham certeza da ordem em que isso acontece.

O estudo da Scientific Reports, no entanto, descobriu que os cães entendem primeiro o tom, depois o significado, na mesma ordem que os humanos. Os autores examinaram a atividade cerebral de 12 cães de estimação – seis border collies, cinco golden retrievers e um pastor alemão – usando a fMRI.

Eles fizeram os cães ouvirem palavras elogiosas que eles conheciam como “inteligente”, “muito bem!” e “é isso!”, bem como palavras que eles desconheciam como “como”, “se” e “ainda” em tons de elogio e em tons neutros.

Os dados mostraram que os cães processaram “informações mais simples e carregadas de emoção” primeiramente pelo tom e depois “informações mais complexas e aprendidas”, disse Andics, que também foi coautor do estudo de agosto, em um comunicado de imprensa.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.