O desmatamento na Amazônia brasileira caiu pela metade no ano passado, de acordo com dados divulgados na sexta-feira, enquanto o governo do presidente Lula reforçava o policiamento ambiental para reprimir o aumento da destruição.
No entanto, as notícias foram muito menos positivas na crucial savana do Cerrado abaixo da floresta tropical, onde o corte raso atingiu um novo recorde anual no ano passado, aumentando 43 por cento em relação a 2022, de acordo com o programa de vigilância DETER da agência nacional de investigação espacial.
O monitoramento por satélite detectou 5.152 quilômetros quadrados (quase 2.000 milhas quadradas) de cobertura florestal destruída na Amazônia brasileira no ano passado, uma queda de 50% em relação a 2022.
Entretanto, o Cerrado, um hotspot de biodiversidade cujos ecossistemas estão intrinsecamente ligados aos da Amazônia, perdeu mais de 7.800 quilômetros quadrados de vegetação nativa no ano passado, o valor mais elevado desde o início da monitorização em 2018.
“Vimos algumas vitórias importantes no meio ambiente em 2023. A redução significativa do desmatamento na Amazônia foi um destaque”, disse Mariana Napolitano, do grupo ambientalista WWF-Brasil.
“Mas infelizmente não estamos vendo a mesma tendência no Cerrado… Isso está prejudicando o bioma e os serviços ecossistêmicos extremamente importantes que ele presta. E vimos o impacto no final do ano, com temperaturas altíssimas”.
Grupos ambientalistas acusaram o governo Lula de fechar os olhos à destruição do Cerrado, menos conhecido, para apaziguar o poderoso lobby do agronegócio.
Os números da Amazônia e do Cerrado foram atualizados até 29 de dezembro.
No seu conjunto, a área total devastada nas duas regiões foi de 12.980 quilômetros quadrados em 2023, uma queda de 18 por cento em relação a 2022.
Depois de derrotar o presidente da extrema-direita, Jair Bolsonaro, numa eleição divisiva em 2022, o veterano Lula regressou ao cargo em 1 de janeiro de 2023, prometendo que “o Brasil está de volta” como parceiro na luta contra as alterações climáticas.
O aliado do agronegócio, Bolsonaro (2019-2022), atraiu críticas internacionais por presidir um aumento de 75 por cento no desmatamento médio anual na Amazônia brasileira em relação à década anterior.
Especialistas dizem que a destruição tanto na Amazônia quanto no Cerrado é impulsionada principalmente pela agricultura e pecuária no Brasil, o maior exportador mundial de soja e carne bovina.
Publicado originalmente em Phys.Org