O bisfenol A (BPA), um produto químico desregulador hormonal utilizado nas embalagens de alimentos, está presente em quase todos os corpos dos europeus, representando um risco potencial para a saúde, afirmou quinta-feira a Agência Europeia do Ambiente.
“Uma recente iniciativa de investigação do Horizonte 2020, HBM4EU, mediu substâncias químicas no corpo de pessoas na Europa e detectou BPA na urina de 92 por cento dos participantes adultos de 11 países europeus”, escreveu a agência num novo relatório.
A AEA, com sede em Copenhaga, afirmou que a percentagem de adultos que excede os níveis máximos recomendados variou entre 71 e 100 por cento nos 11 países estudados, referindo-se aos níveis definidos pela Agência Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA) numa revisão de Abril.
Na altura, a EFSA reduziu drasticamente a ingestão diária máxima recomendada de BPA permitida aos consumidores, reduzindo-a em 20.000 vezes, para 0,2 bilionésimos de grama, abaixo dos quatro milionésimos de grama.
O BPA, que já foi usado para fazer mamadeiras até ser proibido na Europa, nos EUA e em outros países há uma década, ainda é usado para fazer plástico para algumas embalagens de alimentos e bebidas, o que significa que a maioria das pessoas está potencialmente exposta a ele enquanto consome alimentos e bebidas.
A investigação sugeriu que está ligada a uma série de distúrbios de saúde ligados à perturbação hormonal, como o câncer da mama e a infertilidade.
A França é o único país que proibiu totalmente o BPA.
A UE e os EUA limitaram a sua utilização e assinalaram que planeiam reduzi-la ainda mais.
Agências discordam
Mas há divergências sobre a quantidade diária tolerável de BPA que pode ser consumida ao longo da vida sem representar risco para a saúde humana.
A Agência Europeia de Medicamentos, responsável pela aprovação de medicamentos, contestou os novos níveis máximos recomendados da EFSA.
Criticando a metodologia da EFSA, sugeriu que o organismo foi demasiado precipitado “dado que uma ligação causal não foi demonstrada num estudo em animais ou humanos”.
No entanto, a AEA concluiu que a exposição das pessoas ao BPA “está bem acima dos níveis aceitáveis de segurança para a saúde, de acordo com dados de investigação atualizados”.
“Isso representa um risco potencial à saúde de milhões de pessoas”, afirmou.
Os níveis de bisfenol A, S e F foram medidos na urina de 2.756 pessoas em 11 países entre 2014 e 2020.
Os países foram Croácia, República Checa, Dinamarca, França, Finlândia, Alemanha, Islândia, Luxemburgo, Polónia, Portugal e Suíça.
Os níveis foram mais baixos na Suíça, onde excederam os novos níveis máximos recomendados em 71 por cento das pessoas estudadas, enquanto foram excedidos em 100 por cento das pessoas em França, Luxemburgo e Portugal, disse a AEA.
“As excedências relatadas são números mínimos. Existe a probabilidade de que, na verdade, todos os 11 países tenham taxas de excedência de 100 por cento expostas acima dos níveis seguros”, concluiu.
Traduzido por Mateus Lynniker de ScienceAlert