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Em novo marco, físicos armazenaram e transportaram luz usando memória quântica

Por David Nield
Publicado na ScienceAlert

O armazenamento e a transferência de informações são uma parte fundamental de qualquer sistema de computação, e os sistemas de computação quântica não são diferentes – se vamos nos beneficiar da velocidade e segurança dos computadores quânticos e de uma Internet quântica, então vamos precisar descobrir como deslocar e armazenar os dados quânticos.

Uma das maneiras pelas quais os cientistas estão abordando isso é por meio da memória quântica óptica, ou o uso da luz para armazenar dados como mapas de estados de partículas, e um novo estudo relata o que os pesquisadores estão chamando de um marco no campo: o armazenamento e transferência de luz usando memória quântica.

Os pesquisadores não foram capazes de transferir a luz muito longe – apenas 1,2 milímetros – mas o processo descrito aqui pode formar a base dos computadores com energia quântica e sistemas de comunicação do futuro.

Para alcançar a façanha, os cientistas usaram átomos de rubídio-87 ultrafrios como meio de armazenamento para a luz, oferecendo altos níveis de eficiência e vida útil – algo que os físicos quânticos estão sempre lutando para maximizar.

A própria partícula de luz é efetivamente mapeada em estados de excitação entre os elétrons do átomo. Isso forma uma interação elétron-fóton chamada polariton, permitindo que a luz seja armazenada no zumbido do elétron de um átomo. Uma correia transportadora óptica foi, então, usada para mover os átomos com essa carga de luz de um ponto a outro.

“Nós armazenamos a luz colocando-a em uma mala, por assim dizer, só que no nosso caso a mala era feita de uma nuvem de átomos frios”, disse o físico Patrick Windpassinger, da Universidade de Mainz, na Alemanha. “Deslocamos esta mala por uma curta distância e depois apagamos a luz novamente.

“Isso é muito interessante não só para a física em geral, mas também para a comunicação quântica, porque a luz não é muito fácil de ‘capturar’, e se você quiser transportá-la para outro lugar de forma controlada, ela geralmente acaba sendo perdida”.

A configuração que Windpassinger e seus colegas criaram significa que a luz pode ser transportada com muito pouco impacto em suas propriedades – o que é essencial se você estiver procurando mover informações de um ponto a outro.

Este trabalho baseia-se em uma técnica semelhante conhecida como transparência eletromagneticamente induzida ou TEI, onde os átomos podem ser usados ​​como armazenamento para capturar e mapear pulsos de luz. Como o processo é reversível, esses pulsos de luz podem ser recuperados novamente no futuro.

A novidade aqui é que a TEI é adaptada para deslocar a luz para uma distância maior do que o tamanho do próprio meio de armazenamento. A luz não está apenas sendo colocada dentro de uma mala e depois puxada para fora novamente, ela também está sendo movida – isso não é fácil de fazer enquanto evita qualquer aumento de temperatura ou qualquer deslocamento dentro da mala.

Como seria de se esperar com esse tipo de inovação, há um longo caminho a percorrer antes que isso seja prático, e os pesquisadores agora querem tentar aumentar a capacidade de armazenamento de seu sistema e a distância que ele pode percorrer.

Uma das áreas de pesquisa em que a abordagem pode ser útil é no desenvolvimento de memória racetrack, um tipo experimental de armazenamento de dados que promete grandes avanços nas velocidades e no desempenho dos dispositivos que temos hoje. Ser capaz de armazenar e deslocar a luz pode ser o suficiente para resolver alguns dos problemas de desenvolvimento que a memória racetrack enfrentou até agora.

“Ao estender o protocolo experimental no futuro, deixamos ao alcance uma memória racetrack de luz com diferentes seções de leitura e escrita”, escrevem os pesquisadores em seu paper.

A pesquisa foi publicada na Physical Review Letters.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.