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Esse antigo marsupial dente-de-sabre tinha olhos como nenhum outro mamífero predador

Traduzido por Julio Batista
Original de Jennifer Nalewicki para o Live Science

Apesar de ter olhos tão grandes quanto os de uma vaca e dentes caninos superiores surpreendentemente longos com raízes profundas em seu crânio, o “marsupial dente-de-sabre” provou ser um carnívoro eficaz, segundo um novo estudo.

Este feroz marsupial é um mamífero extinto da América do Sul cientificamente conhecido como Thylacosmilus atrox. Cientistas da Argentina e dos Estados Unidos examinaram tomografias computadorizadas (TC) dos crânios de três dos grandes predadores, que pesavam cerca de 100 quilos e foram extintos há cerca de 3 milhões de anos. A equipe notou que a estranha anatomia craniana do animal se destacava em comparação com outros carnívoros, como cães e gatos, cujos olhos são mais voltados para a frente para ajudá-los a rastrear as presas, de acordo com o estudo publicado na terça-feira (21 de março) na revista Communications Biology.

“O que esperamos para qualquer carnívoro é que [as órbitas oculares] geralmente tenham órbitas muito convergentes, o que significa que sua visão é orientada para a frente”, dando-lhes boa percepção de profundidade, disse a principal autora do estudo Charlène Gaillard, aluna de pós-graduação do Instituto Argentino de Nivologia, Glaciologia e Ciências Ambientais (IANIGLA) em Mendoza, Argentina. “Quando você é um predador, deseja localizar sua presa com a maior precisão possível”, disse Gaillard à Live Science.

Essa precisão ocorre quando os campos de visão esquerdo e direito se sobrepõem e enviam informações ao cérebro, permitindo que “o cérebro interprete profundidades e distâncias”, resultando em visão 3D, disse Gaillard.

Mas a colocação dos olhos do marsupial dente-de-sabre está mais de acordo com os herbívoros, como vacas e cavalos, que veem o mundo em 2D, levando os cientistas a se perguntarem se esse hipercarnívoro, cuja dieta consistia em pelo menos 70% de carne, poderia ver em 3D.

Depois de examinar as varreduras, os pesquisadores descobriram que a fera era capaz de compensar a posição estranha de seus olhos, colocando suas órbitas para fora e orientando-as verticalmente, o que ajudou a alcançar uma sobreposição de campo visual de 70 graus – semelhante à de um gato, de acordo com ao estudo.

Reconstrução digital de um artista do crânio de Thylacosmilus atrox.(Créditos: Jorge Blanco)

Então, o que fez com que o T. atrox evoluísse para ter um posicionamento tão instável dos olho para começo de conversa? Os pesquisadores disseram que tudo isso se deve aos seus dentes caninos incrivelmente longos, que foram “crescendo continuamente” ao longo de sua vida, com as raízes se empurrando cada vez mais para trás em seu crânio ao longo do tempo. Esse “deslocamento” resultou nos olhos únicos do animal, uma vez que seus dentes caninos eram “invasivos para a parte dorsal [frontal] do crânio”, disse Gaillard.

No entanto, os pesquisadores não têm certeza se seus enormes dentes ofereciam ou não algum benefício durante a caça, já que atualmente não existem outros mamíferos que evoluíram para ter uma característica semelhante, incluindo cangurus e outros marsupiais que são primos distantes do T. atrox.

“Provavelmente era vantajoso ter esses enormes dentes caninos”, disse Gaillard, “e era ainda mais vantajoso tê-los em relação a uma visão melhor”.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.