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Esta escadaria 3D que buga o cérebro ganhou o prêmio de melhor ilusão de óptica de 2020

Por Peter Dockrill
Publicado na ScienceAlert

Já se passou um ano e, agora, vamos comemorar olhando para algo muito estranho que parece não fazer nenhum sentido para nossos pobres cérebros confusos.

Temos aqui o vencedor do Concurso de Melhor Ilusão do Ano deste ano para 2020, e é realmente uma surpresa digna, pegando uma das mais conhecidas ilusões de óptica 2D tradicionais e organizando-a de forma incrível no espaço tridimensional.

Projetado pelo astuto matemático Kokichi Sugihara – um célebre ilusionista japonês e multivencedor do concurso – é chamado de Escadaria 3D de Schröder.

A clássica Escadaria de Schröder, publicada em 1858 pelo cientista alemão Heinrich G. F. Schröder, mais tarde evoluiria para outras formas na obra do artista holandês M. C. Escher, mas a impressionante simplicidade da original ainda é surpreendente.

Na ilustração, o que à primeira vista parece ser uma representação inequívoca de uma única escada vista de cima acaba sendo duas escadas (a outra vista de baixo).

Escadaria de Schröder (Créditos: Heinrich G. F. Schröder, via Kokichi Sugihar)

Se você não consegue visualizar, virar a Escadaria de Schröder de cabeça para baixo tende a tornar a perspectiva alternativa visível… mas talvez apenas por apenas poucos segundos, antes que sua mente passe pelo fenômeno psicológico da Mudança de Gestalt, na qual sua percepção volta para sua interpretação anterior.

Em uma nova reviravolta neste tópico já bastante acalorado, Sugihara agora fez a engenharia reversa da mesma ilusão de escada 2D em uma forma 3D, criando um recorte de papelão que faz exatamente o mesmo truque quando visto de uma certa perspectiva – mesmo que a forma física real do que você está olhando não é nada parecida com o que aparenta.

“O objeto 3D também tem duas interpretações, ambas as quais são escadas vistas de cima, e as interpretações mudam de uma para a outra quando giramos o objeto em 180 graus em torno do eixo vertical”, diz Sugihara.

Escadaria 3D de Schröder. (Créditos: Kokichi Sugihara)

Mas só porque é assim que parece não significa que é assim.

Em seu site, Sugihara explica como a ilusão é realmente construída, chegando a fornecer um diagrama grátis com um ‘kit de construção’ para as etapas impossíveis, caso você queira fazer uma para manter em casa.

No cerne da ilusão está um truque simples: as escadas podem parecer escadas, mas na verdade são uma superfície plana, fazendo uso inteligente de ângulos e sombras para enganar seu cérebro.

Para tornar o trabalho de percepção visual mais fácil, nossos cérebros fazem suposições convenientes sempre que podem. Tons escuros significam sombras, sugerindo profundidade; linhas convergentes geralmente são uma medida de distância. Coloque-os juntos e seu cérebro fará o possível para encontrar uma história familiar que se encaixe nas formas. Claro que está errado, mas geralmente essas formas de fato constituem escadas.

“Este objeto é um exemplo do meu material experimental para investigar o comportamento dos cérebros, que são capazes de interpretar erroneamente imagens 2D como objetos 3D quando estão embutidos em estruturas 3D reais”, explica Sugihara, observando que a adição de paredes laterais tridimensionais reais e as colunas de apoio preenchem a ilusão encantadora.

“Como resultado, percebemos uma nova ambiguidade, que é diferente daquela da Escadaria de Schröder original.”

Além de girar a Escadaria 3D de Schröder (o equivalente 3D de virar a ilustração 2D de cabeça para baixo), o posicionamento cuidadoso com um espelho revela algo estranho: as duas perspectivas são vistas simultaneamente e não há nada que a Mudança de Gestalt possa fazer a respeito.

(Créditos: Kokichi Sugihara)

Maravilhoso. Parabéns, Kokichi Sugihara!

Para mais ilusões alucinantes da competição deste ano, todos os finalistas podem ser vistos no site do Concurso de Melhor Ilusão do Ano.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.