Por David Nield
Publicado na ScienceAlert
Os pesquisadores revelaram detalhes de uma nova espécie de dinossauro, Oksoko avarsan, que tinha um bico semelhante ao de um papagaio e apenas dois dedos funcionais em seus antebraços – um a menos que seus parentes próximos, sugerindo uma capacidade de se diversificar e se adaptar a novos ambientes.
Com base em seis anos de pesquisa, os especialistas por trás deste estudo dizem que o dinossauro desdentado e coberto de penas teria vivido por volta de 72-66 milhões de anos atrás, crescendo até cerca de dois metros de comprimento quando adulto.
O que é mais interessante é o que a espécie nos conta sobre a evolução da família dos oviraptores dos dinossauros: uma espécie que perde um dedo funcional como este nunca havia sido vista antes, e é uma evidência de uma mudança na dieta e no estilo de vida.
“O Oksoko avarsan é interessante porque os esqueletos são muito completos e a maneira como foram preservados, descansando juntos, mostra que esses dinossauros jovens vagavam juntos em grupos”, disse o paleontólogo Gregory Funston, da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido.
“Mas, o mais importante, sua mão com dois dedos nos levou a observar como a mão e o membro posterior mudaram ao longo da evolução dos oviraptores – algo que não havia sido estudado antes. Isso revelou algumas tendências inesperadas que são uma peça-chave no quebra-cabeça de porquê os oviraptores eram tão diversos antes da extinção que matou os dinossauros”.
A pesquisa sugere que as mãos e os braços dessas criaturas mudaram drasticamente à medida que migraram para novas partes do mundo, incluindo para onde hoje é a América do Norte e o deserto de Gobi na Mongólia (onde os ossos foram descobertos).
Essa capacidade de se adaptar a diferentes habitats e diferentes suprimentos de comida – evidenciada pela troca de três para dois dedos funcionais – ajuda a explicar porquê essa família de dinossauros onívoros era tão diversa antes do evento de extinção.
Através de uma análise detalhada de outros esqueletos – incluindo a identificação de características de crânios e de membros posteriores – a equipe foi capaz de identificar o O. avarsan como uma nova espécie. A descoberta foi confirmada por uma minúscula saliência de um osso do terceiro dedo, onde deveria ter um dedo inteiro.
Fósseis de três indivíduos juntos, divididos em Indivíduos A (azul), B (verde) e C (rosa). Na imagem e sua ilustração, temos a identificação de pés (foot), rabos (tail), mãos (hand), braços (arm) e crânios (skull). Créditos: Funston et al., Royal Society Open Science, 2020.
Essa perda gradual de dedos teria acontecido ao longo de milhões de anos, e os pesquisadores acham que pode ter sido uma adaptação para a vida no deserto.
Como vários esqueletos foram recuperados em posição de repouso, a espécie provavelmente pertencia a grupos sociais.
Ainda há muito a descobrir sobre os oviraptores do Cretáceo Superior que viveram nesta parte do mundo – incluindo a cor de seus ovos e os ninhos que construíram – mas o novo estudo oferece várias ideias intrigantes sobre sua evolução e diversificação.
“Os oviraptorídeos eram uma parte menor, mas excepcionalmente diversa dos ecossistemas que habitavam, e parecem ter sido excepcionalmente capazes de se diversificarem e dessas espécies coexistirem nos últimos ecossistemas cretáceos da Ásia”, concluem os pesquisadores em seu paper.
A pesquisa foi publicada na Royal Society Open Science.