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Este dinossauro semelhante a um papagaio recém-descoberto perdeu um dedo por conta da evolução

Por David Nield
Publicado na ScienceAlert

Os pesquisadores revelaram detalhes de uma nova espécie de dinossauro, Oksoko avarsan, que tinha um bico semelhante ao de um papagaio e apenas dois dedos funcionais em seus antebraços – um a menos que seus parentes próximos, sugerindo uma capacidade de se diversificar e se adaptar a novos ambientes.

Com base em seis anos de pesquisa, os especialistas por trás deste estudo dizem que o dinossauro desdentado e coberto de penas teria vivido por volta de 72-66 milhões de anos atrás, crescendo até cerca de dois metros de comprimento quando adulto.

O que é mais interessante é o que a espécie nos conta sobre a evolução da família dos oviraptores dos dinossauros: uma espécie que perde um dedo funcional como este nunca havia sido vista antes, e é uma evidência de uma mudança na dieta e no estilo de vida.

Impressão artística dos dinossauros Oksoko avarsan. Crédito: Michael Skrepnick.

“O Oksoko avarsan é interessante porque os esqueletos são muito completos e a maneira como foram preservados, descansando juntos, mostra que esses dinossauros jovens vagavam juntos em grupos”, disse o paleontólogo Gregory Funston, da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido.

“Mas, o mais importante, sua mão com dois dedos nos levou a observar como a mão e o membro posterior mudaram ao longo da evolução dos oviraptores – algo que não havia sido estudado antes. Isso revelou algumas tendências inesperadas que são uma peça-chave no quebra-cabeça de porquê os oviraptores eram tão diversos antes da extinção que matou os dinossauros”.

A pesquisa sugere que as mãos e os braços dessas criaturas mudaram drasticamente à medida que migraram para novas partes do mundo, incluindo para onde hoje é a América do Norte e o deserto de Gobi na Mongólia (onde os ossos foram descobertos).

Essa capacidade de se adaptar a diferentes habitats e diferentes suprimentos de comida – evidenciada pela troca de três para dois dedos funcionais – ajuda a explicar porquê essa família de dinossauros onívoros era tão diversa antes do evento de extinção.

Através de uma análise detalhada de outros esqueletos – incluindo a identificação de características de crânios e de membros posteriores – a equipe foi capaz de identificar o O. avarsan como uma nova espécie. A descoberta foi confirmada por uma minúscula saliência de um osso do terceiro dedo, onde deveria ter um dedo inteiro.

Fósseis de três indivíduos juntos, divididos em Indivíduos A (azul), B (verde) e C (rosa). Na imagem e sua ilustração, temos a identificação de pés (foot), rabos (tail), mãos (hand), braços (arm) e crânios (skull). Créditos: Funston et al., Royal Society Open Science, 2020.

Essa perda gradual de dedos teria acontecido ao longo de milhões de anos, e os pesquisadores acham que pode ter sido uma adaptação para a vida no deserto.

Como vários esqueletos foram recuperados em posição de repouso, a espécie provavelmente pertencia a grupos sociais.

Ainda há muito a descobrir sobre os oviraptores do Cretáceo Superior que viveram nesta parte do mundo – incluindo a cor de seus ovos e os ninhos que construíram – mas o novo estudo oferece várias ideias intrigantes sobre sua evolução e diversificação.

“Os oviraptorídeos eram uma parte menor, mas excepcionalmente diversa dos ecossistemas que habitavam, e parecem ter sido excepcionalmente capazes de se diversificarem e dessas espécies coexistirem nos últimos ecossistemas cretáceos da Ásia”, concluem os pesquisadores em seu paper.

A pesquisa foi publicada na Royal Society Open Science.

Julio Batista

Julio Batista

Sou Julio Batista, de Praia Grande, São Paulo, nascido em Santos. Professor de História no Ensino Fundamental II. Auxiliar na tradução de artigos científicos para o português brasileiro e colaboro com a divulgação do site e da página no Facebook. Sou formado em História pela Universidade Católica de Santos e em roteiro especializado em Cinema, TV e WebTV e videoclipes pela TecnoPonta. Autodidata e livre pensador, amante das ciências, da filosofia e das artes.